Principais fatores de risco de carcinoma hepatocelular

O carcinoma hepatocelular (CHC) é o principal câncer hepático primário, sendo a causa de mortalidade relacionada a câncer que mais cresce nos EUA.

O aumento da incidência do carcinoma hepatocelular (CHC) está especialmente associado ao aumento de CHC relacionado a hepatite C, doença hepática esteatótica alcoólica e metabólica. Nos pacientes de alto risco, a incidência anual de CHC é cerca de 2% ao ano. Apesar da eficácia do tratamento da hepatite C com antivirais de ação direta, pacientes com fibrose avançada permanecem sob risco de CHC mesmo atingindo resposta virológica sustentada. No caso do vírus de hepatite B, esse risco acontece mesmo na ausência de fibrose avançada, sendo atenuado com o tratamento antiviral.

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Devido às crescentes preocupações com o aumento da incidência de CHC, os estudos para estimar a incidência e avaliação dos fatores de risco para essa neoplasia são importantes. Recentemente, foi publicado na revista Gastroenterology um estudo avaliando esses parâmetros em uma coorte de pacientes com cirrose hepática nos Estados Unidos.

Principais fatores de risco de carcinoma hepatocelular

Métodos

A estratégia de detecção precoce de CHC foi criada para explorar os fatores de risco, estimar incidência e avaliar o curso da doença nos Estados Unidos, focando no desenvolvimento de novos biomarcadores para a detecção precoce do CHC.

Trata-se de estudo multicêntrico (Clínica Mayo, Universidade da Pensilvânia, Mt. Sinai Medical Center, Universidade de Michigan, Saint Louis University, Stanford University, UT Southwestern), incluindo pacientes inscritos de 2013 a 2021.

Os critérios de inclusão foram: diagnóstico de cirrose com base na histologia, clínica (sinais de hipertensão portal, como esplenomegalia e trombocitopenia no contexto de uma doença hepática crônica ou por testes não invasivos (elastografia e exames de sangue), MELD < 15, ausência de descompensação hepática clinicamente significativa, sem história de neoplasia nos últimos 5 anos, pacientes não listados para transplante hepático, ausência de massa hepática e de comorbidades significativas com expectativa de vida inferior a 1 ano.

Os pacientes foram acompanhados prospectivamente, com atendimentos pelo menos a cada 6 meses e seguimento longitudinal até o desenvolvimento de CHC, realização de transplante hepático ou evolução com óbito. O rastreio de CHC foi feito conforme protocolos de cada centro, incluindo ultrassom e alfafetoproteína (AFP), TC ou RM com ou sem AFP.

Foram coletados dados demográficos e dados relacionados à doença hepática e seu tratamento, histórico médico, histórico familiar, uso de medicamentos, dados de exame físico, laboratoriais e imagem.

O desfecho primário foi o desenvolvimento de CHC.

Resultados

Foram analisados dados de 1.722 pacientes. Foram identificados 109 pacientes com CHC, após um acompanhamento médio de 2,2 anos (Intervalo de 0 – 8,7 anos), sendo 81% diagnosticado em estágio precoce (BCLC 0 e A), 18% em estágio intermediário (BCLC B) e 1% com estágio desconhecido. A taxa de incidência anual de CHC foi de 2,4% (IC 95% 1,8%-3,1%) durante o acompanhamento até 4.510 pessoas/ano.

Houve predomínio no sexo masculino, em indivíduos obesos e brancos, 42,0% tinham histórico de infecção pelo vírus da hepatite C, 20,7% tinham doença hepática esteatótica alcoólica e 24,9% tinham doença hepática esteatótica metabólica.

Após análise multivariada, foram identificados os seguintes fatores de risco para CHC, com significância estatística:

  • Sexo masculino; OR=2,47, IC 95%; 1,54-4,07 (p<0,001)
  • Duração da cirrose em anos; OR=1,06, IC 95%. 1,02-1,1 (p=0,004);
  • História familiar de câncer de fígado; OR=2,69, IC 95% 1,11-5,86 (p=0,02);
  • Idade; OR=1,17, IC 95%. 1,03-1,33 (p=0,02);
  • Obesidade OR=1,7, IC 95%. 1,08- 2,73 (p=0,02).

Fatores laboratoriais também foram associados a maior risco de CHC, contudo com p valor > 0,05 ou seja, não estatisticamente significativo:

  • Maiores níveis de AST; OR=1,54 IC 95% 0,97-2,42 (p=0,06);
  • Maiores níveis de AFP (alfafetoproteína); OR=1,32, IC 95 0,97-1,77 (p=0,07);
  • Albumina (níveis baixos são fator de risco; OR=0,7, 95% C.I. 0,46-1,07 (p=0,10).

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Mensagens práticas

Reconhecer os fatores de risco do carcinoma hepatocelular (CHC) é de extrema importância, visto que se trata da principal neoplasia maligna primária do fígado. Essa coorte é a principal avaliação prospectiva desses fatores de risco, no entanto, limita-se à população norte-americana. Os principais fatores de risco identificados para CHC foram: sexo masculino, idade avençada, presença de obesidade, duração da cirrose, história familiar de CHC, valores de AFP, AST e albumina.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
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