Os acidentes com serra circular são comuns em países em desenvolvimento, gerando lesões graves e com potencial de gerar sequelas permanentes. Geralmente estão associadas ao trabalho, tendo grande peso no quesito socioeconômico. Entretanto, há escassez na literatura mundial a respeito de suas particularidades.
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Foi publicado um estudo no último mês, na Revista Brasileira de Ortopedia (RBO), com o objetivo de identificar as principais características dessas lesões, delineando o perfil epidemiológico e a conduta no atendimento desses pacientes.
Métodos e resultados
O estudo foi descritivo e transversal, com coleta de dados retrospectivos de prontuários de 54 pacientes do HCFMUSP atendidos entre abril e dezembro de 2018 com lesões decorrentes de acidentes de serra circular. Foram analisadas as variáveis idade, sexo, escolaridade, ocupação e status ocupacional, lado lesado, dedos acometidos, mês e horário do acidente, tipo de lesões, procedimentos realizados, tempo decorrido entre trauma e a entrada em sala cirúrgica e necessidade de reabordagem.
Os pacientes tinham idade entre 15 e 72 anos, sendo o lado esquerdo o mais acometido, e o tipo de lesão mais frequente a amputação envolvendo principalmente o polegar. No total, 23 pacientes foram submetidos a reimplante, e, entre eles, três macro reimplantes. Quanto ao horário do trauma, 26 foram entregues entre 12 horas e 16 horas, e o tempo decorrido entre o acidente e a entrada em sala cirúrgica foi maior que 6 horas em 84% dos pacientes.
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Conclusão
É importante frisar que os acidentes por serra circular podem gerar lesões gravíssimas pelo acometimento de nervos como ulnar e mediano, gerando algumas vezes sequelas definitivas e invalidando o paciente para o retorno ao trabalho. Trabalhos que demonstram os resultados e perigos dessas lesões são importantes para gerar campanhas de conscientização sobre a necessidade de utilização de equipamentos de proteção individual pelos trabalhadores.