Rivaroxabana é uma opção segura para tratamento de TVP em pacientes oncológicos?

Um estudo selecionou um total de 406 pacientes que foram randomizados para alocação no braço de tratamento com dalteparina ou rivaroxabana.

A ocorrência de eventos tromboembólicos venosos (TEV) em pacientes diagnosticados com neoplasias é relativamente comum na prática clínica. Sabe-se ainda que o risco de recorrência de TEV nesses pacientes é ao menos duas vezes maior quando comparado à população em geral. Da mesma forma, o risco de sangramento também é aumento em pacientes oncológicos. Por mais de uma década, o uso de heparina de baixo peso molecular por seis meses foi considerado como tratamento padrão para ocorrência de TEV (trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar) neste subgrupo de pacientes, sendo recomendado a continuação da terapia enquanto a neoplasia estiver ativa.  

O surgimento dos anticoagulantes com inibição direta (também denominados DOACs) dos fatores Xa ou IIa, pela facilidade de posologia e administração oral, trouxe uma opcionalidade para esses pacientes. No entanto, até o desenvolvimento do estudo SELECT-D em 2018, pouco se sabia sobre segurança e eficácia dessas novas drogas quando utilizadas em pacientes oncológicos. Assim, o estudo em questão veio com objetivo de estabelecer a não-inferioridade dos DOACs perante às heparinas, representada neste estudo pela dalteparina, a partir da análise da taxa de recorrência de TVP/TEP e do grau de sangramento.  

Aberta consulta pública para inclusão de cinco medicamentos contra o câncer no rol da ANS

Métodos

Um total de 406 pacientes foram randomizados para alocação no braço de tratamento com dalteparina (200UI/kg por dia durante um mês, seguido de 150UI/kg por dia durante dois até seis meses) ou rivaroxabana (15mg 2x/dia por 21 dias seguido de 20mg diários em um total de seis meses). Foram inclusos pacientes com diagnóstico de neoplasias hematológicas ou sólidas. O estudo era multicêntrico e open-label. As características dos indivíduos entre os grupos apresentavam distribuição semelhante. As perdas de seguimento foram pequenas e não impactaram na análise. Ambos os grupos eram avaliados por intenção de tratar.  

Resultados 

Um total de 26 pacientes apresentaram TEV recorrente em uso de terapia (dalteparina, n=18; rivaroxabana, n=8). Apesar do dobro de indivíduos no grupo dalteparina, após uma análise de risco concorrente (material encontra-se no apêndice do artigo), observou-se que tal diferença originalmente encontrada pode se dar ao acaso e os resultados serem semelhantes. Quando avaliamos risco de sangramento maior, não houve diferença entre os grupos.  

No entanto, sangramentos tidos como clinicamente significativos (com queda ≥2g/dL sem configurar urgência médica ou que levaram pacientes a procurar atendimento clínico), houve uma tendência maior no grupo que recebeu rivaroxabana (HR 3,76; IC 95%, 1,63 a 8,69). Pacientes com neoplasias do trato gastrointestinal representaram risco maior de sangramento no braço rivaroxabana (36% versus 11%). Não houve sangramentos intracranianos e a maioria dos sangramentos significativos foi urológico ou do trato gastrointestinal. Em termos de sobrevida global após seis meses de terapia, não houve significância estatística (70% dalteparina versus 75% rivaroxabana).

Rivaroxabana, apixabana ou varfarina: existe diferença em pacientes que necessitam de terapia estendida após TEV?

Mensagem prática 

O uso de rivaroxabana pode ser aventado para pacientes oncológicos com necessidade de anticoagulação para tratamento de TVP/TEP, sendo necessário maior atenção nos pacientes com neoplasias gástricas/urogenitais e com escores de sangramento com alta pontuação.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Young AM, Marshall A, Thirlwall J, et al. Comparison of an Oral Factor Xa Inhibitor With Low Molecular Weight Heparin in Patients With Cancer With Venous Thromboembolism: Results of a Randomized Trial (SELECT-D). J Clin Oncol. 2018;36(20):2017-2023. doi:10.1200/JCO.2018.78.8034