Screening universal para SARS-Cov-2 em mulheres admitidas para parto

A progressão da curva de infectados levanta uma questão sobre se as gestantes em trabalho de parto deveriam ser testadas para SARS-Cov-2.

Desde o aparecimento da pandemia de Covid-19, doença causada pelo SARS-Cov-2, tem-se observado que, com o progredir da curva de infectados na cidade de Nova Iorque, uma questão levantada com as primeiras gestantes em trabalho de parto seria se elas deveriam ser testadas para Covid-19.

Sabendo que as gestantes têm uma interação grande (pré-natal mensal, depois semanal, idas ao hospital para avaliação de trabalho de parto) com as equipes de saúde, alguns dados interessantes foram observados e dignos de nota. Primariamente testavam-se apenas as gestantes sintomáticas com sorologias e/ou swab.

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Com a ampliação da testagem levantaram-se dados que, ao mesmo tempo que mudaram a rotina de testagem, alertaram para uma situação preocupante: duas parturientes assintomáticas respiratórias, entraram num serviço em trabalho de parto, testaram positivo para SARS-Cov-2, desenvolveram sintomas apenas no pós-parto. Pergunta: será que deveríamos testar todas as gestantes em trabalho de parto, mesmo assintomáticas para SARS-Cov-2? Testar somente as sintomáticas respiratórias? Qual o momento melhor para a testagem?

Mulher passa por trabalho de parto durante a pandemia de Covid-19

Características de estudo sobre o tema

Em um estudo publicado no New England Journal Of Medicine em maio de 2020, 215 gestantes admitidas no New York–Presbyterian Allen Hospital e Columbia University Irving Medical Center foram testadas para Covid-19 entre 22 de março e 4 de abril de 2020.

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Apenas 1,9% (4 mulheres) apresentavam febre e testaram positivo para Covid-19.As outras 211 mulheres estavam assintomáticas na admissão. Foram realizados testes de swab nasofaríngeo em 210 mulheres (99,5%) assintomáticas. Dessas, 29 apresentaram teste positivo para Covid-19, mesmo assintomáticas. Esse valor representa 87% das assintomáticas positivas para Covid-19 neste estudo.

Ainda de interesse, durante o acompanhamento de parto e pós-parto dessas assintomáticas iniciais, 3 apresentaram febre antes da alta (2 foram tratadas como endomiometrite e receberam antibióticos) e 1 paciente recebeu cuidados para Covid-19 pois a febre foi devida supostamente devida a Covid-19. No grupo das pacientes com swab negativo na admissão apenas uma apresentou febre no pós-parto, repetindo-se seus testes apresentou viragem sorológica 3 dias após.

Conclusão

Esse trabalho mostrou que o acesso à informação clínica sobre o estado sorológico de gestantes ou parturientes para Covid-19 pode oferecer uma importante proteção para mães, recém-natos, equipes de obstetrícia e pediatria nesses tempos difíceis e de desafio frente pandemia, como o risco contaminante de uma paciente assintomática.

Referências bibliográficas:

  • Sutton D, et al. Universal Screening for SARS-CoV-2 in Women Admitted for Delivery. N Engl J Med. 2020; 382:2163-2164. doi: 10.1056/NEJMc2009316

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