Semana de Telemedicina: como orientar um paciente adequadamente em uma teleconsulta?

A telemedicina tornou-se um novo recurso e um valioso instrumento para aproximar médicos e pacientes. No entanto, essa aproximação não é física.

Desde o momento em que se entendeu a importância do isolamento social para o controle da pandemia por Covid-19, o acesso dos pacientes a serviços de saúde diminuiu consideravelmente. A fim de evitar o contágio, muitas pessoas deixaram de ir a consultas marcadas para o controle de suas doenças e serviços médicos cancelaram ou suspenderam atendimentos.

Estratégias de atendimento à distância começaram a ser implantadas e regulamentadas para garantir o cuidado dos pacientes, sem expô-los a riscos de se infectar pelo novo coronavírus. Nesse sentido, a telemedicina tornou-se um novo recurso e um valioso instrumento para aproximar médicos e pacientes. No entanto, diferente do que estamos acostumados, essa aproximação não é física e, por isso, é importante que o médico esteja atento para incluir em sua conduta as orientações adequadas para atendimentos desse tipo.

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Orientações ao paciente em telemedicina

  1. Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que falhas técnicas e de conexão podem ocorrer.

Ainda mais do que em uma consulta presencial, o médico deve se assegurar que o paciente está ouvindo e entendendo as orientações passadas.

  1. Algumas técnicas de comunicação são muito importantes para garantir esse entendimento.

Ao final da consulta, é essencial sumarizar os pontos-chave da conduta, um a um, da maneira mais clara possível. Ao revisar os principais tópicos, garantimos que nenhuma informação possa ter se perdido por algum problema técnico.

Exemplo: “Dona Maria, então na consulta de hoje conversamos: sobre a importância de reduzir o sal na comida; sobre aumentar o remédio da pressão para duas vezes ao dia; e sobre utilizar o buscopan em caso de cólicas menstruais. Ficou alguma dúvida?”.

Perguntar se restaram dúvidas, ou se o paciente ainda precisa de algum esclarecimento ao final da consulta, aliás, também é vital para garantir um bom teleatendimento.

  1. Discutir e combinar o seguimento apropriado também é um ponto que necessita de especial atenção em casos de teleconsultas.

O atendimento por vídeo pode muitas vezes ser mais confortável para o médico e para o paciente, mas nem sempre será o mais adequado. Para essa definição, o primeiro passo é perguntar ao paciente, no final da consulta, se ele se sentiu confortável com a realização da teleconsulta e se sentiria bem de realizá-la novamente. Em caso positivo, esse tipo de atendimento se torna uma opção de seguimento, desde que compatível com o quadro clínico do paciente.

Nesse sentido, o médico deve saber diferenciar, ainda durante o atendimento, qual é a melhor estratégia de seguimento para o paciente, de acordo com suas condições clínicas. É possível, por exemplo, que se indique uma internação hospitalar após uma teleconsulta. Ou que se prefira que o próximo encontro seja presencial. O critério para essa definição deve ser clínico e individualizado.

  1. Além da escolha do tipo da próxima consulta (presencial ou à distância), é importante também que o médico saiba orientar quais tipos de atendimento procurar em casos de descompensação do quadro do paciente, bem como descrever os possíveis sinais e sintomas dessas descompensações.

O médico deve orientar os sinais de alarme para cada doença mais prevalente ou provável para o paciente, com as respectivas orientações de qual serviço procurar (telemedicina, ambulatório, emergência).

Um paciente com diabetes, por exemplo, deve ser orientado a procurar uma emergência em caso de problemas na visão; o ambulatório para casos de feridas nos pés; e uma teleconsulta em caso de dúvidas em relação às suas medicações.

Os sinais de gravidade para as doenças do paciente devem ser cuidadosamente explicadas, bem como efeitos colaterais graves de medicamentos, de modo em que o paciente não perca tempo buscando uma teleconsulta em vez de ir até uma emergência.

  1. Por fim, levando-se em conta o cenário de pandemia, com necessidade de manutenção do maior distanciamento social possível, é essencial que o médico saiba realizar as adequadas orientações a respeito do autocuidado do paciente, bem como as relacionadas à adoção de um estilo de vida saudável.

As orientações dessas medidas preventivas diminuem a chance de adoecimento e de idas à unidades de saúde. As orientações pertinentes para o monitoramento de doenças crônicas (como o controle da pressão arterial em casa, com aparelho próprio), a correta forma de utilização dos medicamentos e os resultados esperados para cada tratamento, bem como o estímulo à prática regular de atividade física, a alimentação balanceada, as práticas de lazer e relaxamento ocupam, hoje mais ainda, um espaço essencial para que os pacientes levem saúde para casa. Seja presencial ou em vídeo.

Baixe e compartilhe as orientações principais com seus pacientes!

Para ajudar o médico, seja em uma teleconsulta ou em um atendimento presencial, montamos uma seção de Orientações ao Paciente aqui no Portal PEBMED!

Você pode acessá-la aqui, com um cadastro gratuito (pode usar a sua conta do Whitebook também, se você já tiver), buscar pela orientação desejada, fazer o download e enviar para o seu paciente. Não deixe de conferir!

Veja mais da Semana de Telemedicina:

Referências bibliográficas:

  • PYGALL, S-A. Triagem e consulta ao telefone: estamos realmente ouvindo? Porto Alegre: Artmed, 2018.
  • GREENHALGH, T.; MORRISON, C.; HUAT, G. K. C. Trad. por Donavan de Souza Lúcio e Silva Costa. Consultas por vídeo: um guia prático. University of Oxford, 2020.
  • SCHMITZ, C. A. A. et al.. Teleconsulta: nova fronteira da interação entre médicos e
    pacientes. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Rio de Janeiro, v. 12,
    n. 39, p. 1-7, jan./dez. 2017.
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Guia metodológico para programas e serviços em telessaúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2019.

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