Três opções de quimioterapia oral passam a ter cobertura obrigatória pelos planos de saúde

A ANS incluiu três opções de quimioterapia oral em seu rol de procedimentos: Lonsurf®, brigatinibe e venetoclax.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) incluiu três opções de quimioterapia oral em seu Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde: Lonsurf®, indicado para casos de câncer colorretal e gástrico metastático; brigatinibe, para pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) localmente avançado ou metastático, positivo para quinase de linfoma anaplásico (ALK); e venetoclax, combinado com obinutuzumabe, para pacientes adultos com leucemia linfocítica crônica (LLC) em primeira linha de tratamento.

Na mesma decisão, a ANS aprovou a incorporação da substância risanquizumabe para tratamento da psoríase moderada a grave.

comprimidos de quimioterapia oral

Novas inclusões da ANS

Segundo especialistas, essas novas inclusões trazem grandes benefícios em termos de sobrevida aos pacientes com plano de saúde, sendo fundamental para que os oncologistas façam o que há de melhor na literatura, em termos de padrão de tratamento.

“Após um amplo debate técnico, essas aprovações permitem a prescrição médica para pacientes com plano de saúde que apresentam neoplasias (colorretais e gástricas) no cenário metastático, ampliando o leque de alternativas terapêuticas. Trata-se de um passo importante para a prática médica na assistência à saúde suplementar, pois atualiza o Rol da ANS com novas drogas de benefício evidente e evita a morosidade e o desgaste dos processos judiciais entre clientes e operadoras de saúde, levando à agilidade no atendimento e assistência a quem mais precisa”, afirmou o oncologista Marcos Saramago, formado pela Universidade do Porto, em Portugal, em entrevista ao Portal PEBMED.

Lonsurf® (Trifluridina + cloridrato de tipiracila)

Saramago destacou ainda a importância do uso de novas drogas, lembrando que a taxa de sobrevida em cinco anos para pacientes com câncer gástrico metastático nos Estados Unidos é de 6%, e que 36% das pessoas são diagnosticadas já numa fase tardia.

Em câncer de cólon, a taxa de sobrevida em cinco anos é de 14% em caso de metástase à distância, o que mostra as dificuldades ao enfrentamento dessas patologias.

Leia mais: SUS: Sancionada lei que amplia prevenção de câncer em mulheres

“O Lonsurf® (nome comercial do trifluridina + cloridrato de tipiracila) é usado em falhas terapêuticas às drogas clássicas, já utilizadas em cânceres do trato gastrointestinal, podendo ser uma alternativa em pacientes que realizaram muitas linhas de tratamento’, comentou o oncologista.

Os seus principais efeitos colaterais são astenia e leucopenia, que podem levar a infecções e devem ser monitorados com exames de sangue frequentes.

Alunbrig® (brigatinibe)

O câncer de pulmão evoluiu profundamente na identificação de mutações que guiam o desenvolvimento do câncer e suas metástases, as chamadas mutações drivers, como explica melhor Saramago: “Essas mutações ocorrem tipicamente em mulheres jovens e caracteristicamente esses tumores metastizam mais para linfonodos, mediastinais e tumores cerebrais, o que conferia um prognóstico reservado, que tende a modificar com o uso do bloqueio ALK. Através da terapia-alvo molecular, podemos identificar importantes drivers do câncer de pulmão, em especial no paciente não-tabagista. O tratamento com terapia-alvo nessas pacientes possibilita boa qualidade de vida, aumentando o tempo livre de quimioterapia e também consideravelmente a sua sobrevida”.

O Alunbrig®, nome comercial do brigatinibe é um potente inibidor de tirosina quinase (TKI), que possui como efeitos colaterais que devem ser monitorados a toxicidade hepática e a cutânea.

Venetoclax, combinado com obinutuzumabe

No caso da venetoclax, combinado com obinutuzumabe, a colocação de uma droga em primeira linha de tratamento ocorre quando o mesmo já trouxe evidentes benefícios em linhas posteriores, o que mostra esse ser um grande passo no tratamento de pacientes adultos com leucemia linfocítica crônica. Os principais efeitos colaterais são diarreia, náuseas, obstipação, fadiga e erupções cutâneas.

Veja também: Atualizações no screening de câncer colorretal — o que dizem os novos guidelines?

Câncer hoje

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa é que em cada ano do triênio 2020-2022, o Brasil tenha em torno de 41 mil novos casos de câncer colorretal, 21 mil casos de câncer gástrico e 30 mil de câncer de pulmão, além de 11 mil casos novos de leucemia, dos quais a leucemia linfoide crônica responderá por cerca de um quarto. No total, o Inca estima o aparecimento de 650 mil casos novos de câncer no país a cada ano do triênio.

O INCA, vinculado ao Ministério da Saúde, estima que, em 2030, a despesa do Sistema Único de Saúde (SUS) com pacientes que irão desenvolver esse tipo de câncer, em função da exposição a fatores de risco evitáveis, será 88% maior do que o valor gasto registrado em 2018, que alcançou R$ 545 milhões.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo

Especialidades