Triagem periparto para hipertensão pós-parto em mulheres com distúrbios hipertensivos da gravidez

Um estudo avaliou a eficácia da triagem periparto em predizer hipertensão crônica após doença hipertensiva específica da gestação.

A hipertensão crônica é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares em mulheres com histórico de distúrbios hipertensivos da gravidez. Sendo que a principal causa de morte materna no Brasil é a hipertensão, além de ser a principal causa de morbidade materna.

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Estudo

Um estudo prospectivo longitudinal foi publicado no Journal of the American College of Cardiology com o objetivo de avaliar a eficácia da triagem periparto em predizer hipertensão crônica após doença hipertensiva específica da gestação (DHEG). Os pesquisadores selecionaram mulheres com DHEG que foram submetidas a ecocardiograma transtorácico periparto e foram avaliadas para hipertensão crônica (pressão arterial ≥140/90 mm Hg ou em uso de medicação anti-hipertensiva) pelo menos três meses após o parto. 

Os pesquisadores acompanharam as mulheres por um período médio de 124 dias após parto, sendo que 70 (33,2%) de 211 mulheres permaneceram hipertensas. Comparadas com mulheres normotensas, as mulheres com hipertensão crônica eram mais velhas (35,5 ± 5,0 anos vs 32,9 ± 5,6 anos; P = 0,001), eram mais propensas a serem afro-caribenhas (27,1% vs 7,8%; P < 0,0001), tinham maior massa corporal (33,4 ± 5,9 kg/m2 vs 31,2 ± 5,4 kg/m2; P = 0,006), e apresentaram pressão arterial média mais elevada (106,5 ± 8,4 mmHg vs 103,3 ± 7,0 mmHg; P = 0,004). Além disso, apresentaram índice de massa ventricular esquerdo significativamente maior (84,0 ± 17,9 g/m2 vs 76,3 ± 14,8 g/m2; P = 0,001), maior espessura relativa da parede (0,46 ± 0,10 vs 0,40 ± 0,10; P < 0,0001) e menor deformação longitudinal global (–15,6% ± 2,7% vs –16,6% ± 2,2%; P = 0,006) do que as mulheres normotensas. Um modelo de predição combinando foi desenvolvido pelos pesquisadores, unido características clínicas (idade materna e pressão arterial média no primeiro trimestre) e ecocardiográficas (índice de massa ventricular esquerda > 75 g/m2, espessura relativa da parede > 0,42 e relação E/e′ > 7), mostrando excelente precisão na identificação de mulheres com hipertensão persistente após DHEG (área sob a curva: 0,85; IC 95%: 0,79-0,90).

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Considerações

Essa abordagem de triagem periparto desenvolvida pelos autores do artigo discutido hoje, pode ser usada para identificar mulheres com risco de desenvolver hipertensão crônica após apresentar DHEG. As pacientes se beneficiaram do monitoramento intensivo da pressão arterial e das estratégias farmacológicas desde o período pós-parto precoce para prevenir doenças cardiovasculares advindas da hipertensão arterial crônica não controlada. Vale ressaltar que a triagem proposta pelos autores, é de fácil reprodução, com ótimo custo-benefício, podendo ser utilizado nos protocolos das maternidades brasileiras, com o objetivo de diminuir a morbidade materna das pacientes com DHEG.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Giorgione V, Khalil A, O’Driscoll J, et al. Peripartum Screening for Postpartum Hypertension in Women With Hypertensive Disorders of Pregnancy. J Am Coll Cardiol. 2022 Oct, 80 (15) 1465–1476. doi: https://doi.org/10.1016/j.jacc.2022.07.028