O mecanismo pelo qual esse efeito da cafeína durante a gravidez se dá ainda permanece incerto. Estudos recentes em animais demonstraram alterações contratilidade nos ovidutos, prejuízo desenvolvimento embrionário, alterações na receptividade uterina e na placentação. Interessantemente estudos em espécies diferentes têm trazido comportamentos variáveis em estudos controlados sugerindo o controle epigenético (estímulos ambientais) sobre os fenótipos submetidos à cafeína.
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O estudo
Um estudo publicado no The Journal of Obstetrics and Gynaecology Research, em 25 de setembro de 2022, avaliou o efeito do uso de cafeína em gestantes com hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia através de uma revisão sistemática da literatura. Usando as bases de dados PubMed, Embase e Cochrane Library até março de 2022 com os descritores exposição à cafeína durante a gravidez; risco de hipertensão gestacional e DHEG.
Métodos
Dez estudos observacionais encontrados envolvendo 114.984 gestantes (2.548 com hipertensão gestacional e 2.473 com pré-eclâmpsia) foram incluídos. Comparando expostas e não expostas à cafeína não houve associação significativa para desenvolvimento de hipertensão na gravidez (odds ratio de 0,99; p = 0,800).
Resultados
Mesmo nos subgrupos do estudo, onde foram utilizadas doses pequenas, médias ou altas de cafeína na gravidez também não se encontrou correlação para desenvolvimento de síndromes hipertensivas.
Mensagem prática
O estudo conclui que não existe associação do desenvolvimento de hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia em pacientes submetidas a diferentes quantidades de cafeína na gravidez.