O café é uma bebida bastante consumida diariamente pela população. A cafeína, substância química naturalmente presente no café, pertence ao grupo das xantinas e é um poderoso estimulante do sistema nervoso central. A substância vem ganhando espaço no meio esportivo pela sua capacidade de potencializar a contração muscular do atleta, aumentando sua tolerância ao esforço físico realizado, o que contribui para uma alta performance, isso porque estimula a broncodilatação dos alvéolos, melhora a captação do oxigênio e otimiza a utilização durante o exercício.
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Cafeína na apneia
A cafeína também é amplamente utilizada na neonatologia como parte do tratamento da apneia em recém-nascido prematuros. A sua eficácia vem sendo descrita em estudos por diminuir tanto do número de episódios de apneia, redução da necessidade e duração da ventilação mecânica, além da redução da necessidade de tratamento medicamentoso e cirúrgico do canal arterial.
É importante destacar que no Brasil a cafeína se apresenta como o medicamento sem licença mais frequente e é utilizada como produto de formulação manipuladas de citrato para uso enteral, possivelmente pelo maior custo do produto licenciado.
A apneia da prematuridade pode ser definida como pausa respiratória por mais de 20 segundos sem fluxo ou movimento respiratório ou quando ocorre uma pausa respiratória de 5 a 10 segundos associada à queda de saturação e/ou bradicardia.
Acomete principalmente recém-nascidos com menos de 28 semanas de idade gestacional e está associada ao sistema nervoso central imaturo, além de menor atividade diafragmática e características anatômicas do prematuro.
Pode ser classificada em central, obstrutiva e mista. Na apneia central os esforços respiratórios estão ausentes, na obstrutiva os esforços inspiratórios são ineficazes em caso de obstrução das vias aéreas superiores e na mista ocorre apneia central, seguida de episódio de obstrutivo ou vice versa.
De modo geral, a apneia da prematuridade ocorre no 2º para o 3º dia de vida em recém-nascidos em respiração espontânea ou em CPAP e mais evidente em torno da 2ª ou 3ª semana de vida. A resolução ocorre e torno de 37 semanas da idade gestacional corrigida.
O manejo ocorre através da monitorização ativa, medidas gerais e de medicações. As principais medicações utilizadas para o tratamento são as metilxantinas, como a cafeína, aminofilina e a teofilina. A cafeína é preferida pelo seu maior tempo de meia vida, maior segurança e menor risco de efeitos.
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O mecanismo de ação ocorre no bloqueio dos receptores A1 inibitórios de adenosina, resultando na excitação do centro respiratório e no bloqueio dos receptores A2 excitatórios de adenosina em neurônios GABAérgicos, provocando uma redução da produção de GABA que estimula às vias respiratórias.
Recomendações
De acordo com os estudos, a dose de ataque recomendada é 20 mg/kg, seguida da dose de manutenção de 5 mg/kg/dia e deve ser iniciada quando o recém-nascido aceitar dieta enteral mínima.
A recomendação atual para descontinuidade do tratamento ocorre após a resolução dos episódios de apneia. É importante atentar que a cafeína mantém-se circulante até sete dias após a sua retirada.
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