Artrite psoriásica: brodalumabe pode auxiliar no tratamento?

O brodalumabe é um anticorpo monoclonal IgG2 totalmente humano e está sendo testado para o tratamento de pacientes com artrite psoriásica.

A via da interleucina-17 (IL-17) tem importante participação na fisiopatogênese da psoríase e da artrite psoriásica (PsA), e seu bloqueio no tratamento dessas doenças tem ganhado enorme importância nos últimos anos.

O brodalumabe é um anticorpo monoclonal IgG2 totalmente humano que se liga com alta afinidade com a subunidade A do receptor de IL-17 (IL-17RA). Ele já foi aprovado nos EUA e na Europa para o tratamento da psoríase em placas moderada a grave (na dose de 210 mg) e já demonstrou eficácia nos estudos de fase 2 para PsA.

Uma limitação inicialmente encontrada para seu uso foi uma preocupação com relação ao aumento no risco de ideação ou comportamento suicida. No entanto, ainda assim o medicamento foi aprovado para uso pelo, mantendo o alerta desse eventual risco na bula.

Este artigo apresenta os resultados dos estudos de fase III AMVISION-1 e AMVISION-2, a respeito do uso de brodalumabe no tratamento da PsA.

artrite psoriásica

Metodologia em pacientes com artrite psoriásica

Tratam-se de ensaios clínicos randomizados, multicêntricos, duplo-cegos e controlados por placebo. Ambos foram desenhados para avaliar a eficácia e segurança do brodalumabe nas doses de 140 e 210 mg a cada 2 semanas (após doses de ataque no D0, D7 e D14) em pacientes com PsA com resposta inadequada ou intolerância ao tratamento convencional com AINEs e/ou DMARDs.

Foram avaliados pacientes com 18 anos ou mais que receberam o diagnósticos de artrite psoriásica há 6 meses ou mais e preencheram os critérios CASPAR. Para serem incluídos, os pacientes deveriam apresentar, no mínimo, 3 articulações dolorosas e 3 edemaciadas, com lesões cutâneas ativas. Para o AMVISION-1, os pacientes também deveriam apresentar pelo menos uma erosão na mão ou nos pés e PCR ≥1,0 mg/dL. Os critérios de exclusão foram: infecção ativa ou prévia (incluindo tuberculose), doença de Crohn, uso de anti-TNF ou outros biológicos há menos de 2 e 3 meses do início do estudo, respectivamente, e uso prévio de terapia anti-IL17 ou anti-IL-12/23 a qualquer tempo. Após emenda do protocolo, pacientes com ideação ou comportamento suicida também foram excluídos (conforme descrito acima).

O uso de AINEs, corticoides e DMARDs sintéticos concomitantes eram permitidos, desde que estivessem com doses estáveis há, pelo menos, 4 semanas.

O desfecho primário de ambos os estudos foi a resposta ACR20 na semana 16. Outros desfechos avaliados foram: ACR50 e 70, PASI 75, 90 e 100, mudança no HAQ-DI, DAS28-PCR, melhora na dactilite, Psoriatic Arthritis Disease Activity Score (PASDAS) e CDAI. No AMVISION-1, a progressão radiográfica foi avaliada através do escore total de Sharp. O tempo total de seguimento foi de 24 semanas.

Resultados

Foram incluídos 478 pacientes (de 630 planejados) no AMVISION-1 e 484 (de 693 planejados) no AMVISION-2.

A taxa de resposta ACR20 na semana foi maior nos grupos de intervenção do que no placebo: 45,8% no brodalumabe 140 mg, 47,9% no brodalumabe 210 mg e 20,9% no grupo placebo, com significância estatística (p<0,0001). Isso nos traduz um NNT de aproximadamente 4 para ambas as intervenções. Os resultados se mantiveram na análise da semana 24.

Além disso, uma maior proporção de pacientes atingiram as respostas ACR50 (29,8 e 36,4% vs. 10,4%) e 70 (14,4 e 20,9% vs. 4,7%) e PASI 75 (50,5 e 70,5% vs. 9,6%), 90 (36,6 vs. 57,1% vs. 3,8%) e 100 (26,0 e 48,6% vs. 1,9%), com significância estatística (p<0,01), sendo as maiores respostas encontradas para a dose de 210 mg.

Os demais dados de eficácia podem ser encontrados no artigo original.

Com relação aos desfechos de segurança, os eventos adversos foram parecidos entre os grupos. Dentre os eventos adversos de interesse, destaca-se que apenas um paciente apresentou ideação ou comportamento suicida, e esse paciente estava no grupo do brodalumabe 140 mg. Não surgiram novas questões relativas à segurança da medicação.

Comentários sobre o uso 

Esse ensaio clínico demonstra que o brodalumabe é eficaz na redução da atividade de doença em pacientes com PsA refratária às medidas convencionais. Os dados são, de maneira geral, parecidos com os encontrados em estudos com outras medicações que atuam sobre essa via, como o secuquinumabe e o ixequizumabe.

Uma questão que merece destaque é que os pacientes com ideação ou comportamento suicida prévios foram excluídos desses estudos após uma emenda no protocolo, uma vez que se questionou a possibilidade de o brodalumabe ser capaz de induzir tais riscos. Dessa forma, essas medicações devem ser evitadas em pacientes com essas queixas, até que novos dados sejam divulgados.

Dentre as limitações, nenhum dos 2 trials incluíram o número de pacientes calculados para o tamanho amostral deste estudo, o que reduz o poder inicialmente estimado. Além disso, as perdas de seguimento e descontinuação foram altas, restando apenas 72% dos pacientes incluídos ao final desse estudo.

Apesar disso, o brodalumabe se associou com melhora nos desfechos avaliados de maneira consistente e rápida.

Referências bibliográficas:

  • Mease PJ, Helliwell PS, Hjuler KF, et al. Brodalumab in psoriatic arthritis: results from the randomised phase III AMVISION-1 and AMVISION-2. Ann Rheum Dis. 2021;80:185-93.0
  • Foulkes AC, Warren RB. Brodalumab in psoriasis: evidence to date and clinical potential. Drugs Context. 2019;8:212570.
  • Beck KM, Koo J. Brodalumab for the treatment of plaque psoriasis: up-to-date. Expert Opin Biol Ther. 2019;19:287092.

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