Câncer de próstata: nova técnica pode ajudar a recuperar função erétil mais rápido

Pacientes operados para a retirada total decâncer de próstata mostrou que um tipo de cirurgia robótica permite a recuperação mais rapida da função erétil.

Estudo realizado por cirurgiões oncológicos brasileiros com pacientes operados para a retirada total de câncer de próstata mostrou que a técnica de cirurgia robótica, que não entra na cavidade abdominal, permite a recuperação mais rapidamente da função erétil, além de apresentar menor risco de lesões e dor.

Para comprovar o método foi realizada uma análise retrospectiva com 1.088 pacientes do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo, entre o período de maio de 2013 a dezembro de 2017, em que eles foram divididos e tratados com a utilização de duas modalidades de cirurgia robótica.

médicos cirurgiões olhando para a câmera. se preparando para cirurgia em paciente com câncer de próstata

Cirurgia robótica no câncer de próstata

Em um grupo, estavam os operados entre maio de 2013 e novembro de 2014, que foram submetidos à técnica robótica transperitoneal padrão. Em outro, os pacientes submetidos à cirurgia entre dezembro de 2014 e dezembro de 2017 foram tratados com a modalidade robótica com acesso extraperitoneal.

Entre os resultados do estudo, foi demonstrado que 75% dos homens operados com a técnica extraperitoneal recuperaram a função erétil em até um ano após o procedimento, com o tempo médio de recuperação de 9,4 meses.

No caso da cirurgia robótica transperitoneal, a recuperação no mesmo período foi possível para 53,5% dos pacientes, com o tempo médio de retorno da função erétil de 16,3 meses.

“No acesso extraperitoneal, o sangue e a urina não têm contato com as alças intestinais, permitindo um menor risco de irritação do peritônio. A técnica também possibilita menor pressão sob o diafragma, facilitando o processo de anestesia. Esses fatores permitem uma recuperação mais rápida e eficiente”, ressalta o autor principal do estudo, o cirurgião oncológico, Gustavo Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos do grupo BP-A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

A não necessidade da utilização de grampos é outra vantagem dessa técnica. Segundo Gustavo Guimarães, por mais que seja seguro, o grampo é um corpo estranho ao organismo e alguns podem migrar de um lugar a outro. “Usar ou não grampos vai além de ser uma escolha técnica. É uma segurança maior oferecida por uma modalidade de cirurgia robótica eficaz e reprodutível”, acrescenta o especialista.

Leia também: O aumento das cirurgias robóticas no Brasil e os seus benefícios para os pacientes

Próximos passos do estudo

Os próximos passos dos pesquisadores serão a realização de mais estudos colaborativos, prospectivos e randomizados.

“São a forma mais rápida e segura de conseguir testar uma hipótese científica. Sempre devemos, na medida do possível, incentivar estas colaborações, de preferência internacionalmente”, explica Gustavo Guimarães.

A evolução da cirurgia robótica para o câncer de próstata

A prostatectomia radical por laparoscopia assistida por robô é uma técnica de oferecida desde o ano 2000 para pacientes diagnosticados com câncer de próstata. Após quase 20 anos, cada vez mais indivíduos são operados com o uso de robô, inclusive no tratamento de outros tipos de câncer.

Os dados no Brasil são escassos. Mas, nos Estados Unidos, aproximadamente 50% dos pacientes com tumor localizado da próstata são operados e destes, 85% são realizados por cirurgia robótica.

De acordo com Gustavo Guimarães, o maior entrave para a utilização da cirurgia robótica para pacientes com câncer de próstata é o alto custo do procedimento.

“Além disso, no Brasil, ainda temos um número relativamente pequeno de máquinas, o que dificulta o acesso ao treinamento do profissional que vai operar por robô. Por sua vez, estudos mostram que investir em cirurgia robótica traz um custo-benefício efetivo, resultando em menos intercorrências, menor tempo de internação, entre outros benefícios, que diluem, a médio prazo, o valor investido”, reforça o cirurgião oncológico.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

  • Guimarães GC, et al. Comparative Analysis of Functional Outcomes Between Two Different Techniques After 1088 Robotic-Assisted Radical Prostatectomies in a High-Volume Cancer Center: A Clipless Approach. J Endourol. 2019 Dec;33(12):1017-1024. doi: 10.1089/end.2019.0361
  • Alemozaffar M, Regan MM, Cooperberg MR, Wei JT, Michalski JM, Sandler HM, Hembroff L, Sadetsky N, Saigal CS, Litwin MS, Klein E, Kibel AS, Hamstra DA, Pisters LL, Kuban DA, Kaplan ID, Wood DP, Ciezki J, Dunn RL, Carroll PR, Sanda MG. Prediction of erectile function following treatment for prostate cancer. JAMA. 2011 Sep 21;306(11):1205-14.
  • Oberlin DT, Flum AS, Lai JD, Meeks JJ. The effect of minimally invasive prostatectomy on practice patterns of American urologists. Urol Oncol. 2016 Jun;34(6):255.e1-5.

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