Embora os fatores de risco para candidíase vaginal tenham sido compreendidos, os mecanismos imunológicos envolvidos nas infecções não foram completamente compreendidos. Talvez a compreensão e o tratamento baseado nos fatores imunológicos sejam a futura saída para evitar a recorrência e o tratamento mais eficaz de um quadro que incomoda muito as mulheres.
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O quadro característico de prurido vaginal (ou vulvar associado), ardência e irritação vaginais, dispareunia e secreção vaginal anormal acometem 75% das mulheres no menacme pelo menos uma vez na vida. Em mais de 9% das vezes os eventos vão surgir três ou mais vezes num ano caracterizando a candidíase recorrente.
Situação e análise recentes
Hoje temos em torno de 138 milhões de mulheres sofrendo de candidíase vulvovaginal recorrente (CVR). Até 2030, esse número deverá chegar a 158 milhões. Diante desse cenário e sabendo que existe uma disbiose no meio vaginal na candidíase com alterações na resposta imunológica um artigo recente (2022) publicado na Frontiers in Immunology seguiu 170 mulheres por um ano e os pesquisadores descobriram níveis significativamente reduzidos de IFN-ÿ, TNF-α e IL-17F no grupo de CVR, enquanto níveis de IL-4, IL-6 e IL10 estavam mais altos nas pacientes com CVR do que nas CV. IL-17A e IL-2 foram comparáveis nos dois grupos.
O uso de vacinas para tratamento de CVR tem sido pesquisado exaustivamente. O verão com temperaturas mais altas, umidade maior e uso de roupas sintéticas mostra-se como ambiente propicio para aparecimento de CVR.
No quadro acima temos um resumo das vacinas em estudo no Brasil para candidíase vaginal (CV) e a candidíase vulvovaginal recorrente (CVR). A necessidade de uso de vacinas aparece quando a CV e CVR se tornam problemas de saúde pública. As duas últimas estratégias (PEV7 e NDV-3) têm sido as mais promissoras com essas duas formulações vacinais são baseadas em diferentes moléculas-alvo do fungo e promovem a ativação de distintas respostas imunológicas relacionadas à proteção. Ambas estão em fase clínica de testes. A vacina NDV-3 está sendo testada nos EUA e a PEV-7 na Suíça.
Apesar dos resultados promissores das duas vacinas, algumas questões ainda precisam ser dirimidas e têm sido objeto de dúvidas para a ciência:
- A maioria das vacinas tem sido desenvolvida para albicans. Serão necessárias vacinas para as outras espécies de Cândida?
- Qual o comportamento dessas vacinas em indivíduos imunossuprimidos?
- Desenvolvimento de modelos animais mais adequados (foram utilizados ratos e camundongos para os testes);
- Quais as consequências para o bioma vaginal com uma vacina para um microrganismo comensal (inobstante os quadros infecciosos, cândida é comensal da vagina sadia. E se todas as mulheres forem vacinadas o que vai acontecer?).
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Com a chegada do verão e até as vacinas se tornarem uma realidade brasileira, a prevenção é a aliada para evitar a candidíase: evite ficar com roupas úmidas, evite tecidos sintéticos, cuidado com a depilação íntima total, tome bastante água, evite duchas vaginais, cuidado com absorventes diários/protetores e absorventes íntimos fora do ciclo menstrual e cuide sempre de sua saúde imunológica, afinal ela será aliada dos antifúngicos no tratamento da CV e CVR.