Contaminação do chocolate amargo com metais pesados

Apesar dos grandes benefícios do consumo de chocolate amargo, a ingesta de metais pesados gera muitos efeitos deletérios ao organismo.

Atualmente o mundo está cada vez mais voltado ao estímulo de uma vida mais saudável para toda a população. A cada dia, novas diretrizes e aconselhamentos sobre hábitos de vida saudável incluindo exercícios, alimentação, meditação, suplementação entre vários outros, são constantemente alvos de variados estudos. O chocolate, um dos maiores produtos consumidos no mundo, é alvo constante de pesquisas, e hoje, além de sabermos que é um excelente estimulador de neurotransmissores responsáveis pela melhora do humor e melhora da performance, estudos vêm demonstrando que o chocolate amargo, com maior teor de cacau e menores teores de leite e açúcar é particularmente mais benéfico para a nossa saúde, por ser uma grande fonte de antioxidantes e possuir uma ação benéfica principalmente a nível de sistema cardiovascular.

Porém, há algumas semanas, notícias sobre a contaminação desse tipo de chocolate com metais pesados, mais precisamente chumbo e cádmio vieram ao conhecimento de todos. Apesar desse assunto estar em alta atualmente, alguns estudos já demonstraram a presença desses metais nos chocolates como por exemplo o estudo feito pela Food and Drug Administration (FDA) em 2018, Food Addit Contam Part B Surveill também em 2018 e em 2014 pelo Jornal da Agricultura e Alimentação.

Apesar dos grandes benefícios do consumo de chocolates amargos, a ingesta de metais pesados gera muitos efeitos deletérios ao organismo, tanto para adultos como crianças. Dependendo da quantidade de metais pesados que haja no chocolate, comer apenas 30 gramas desse chocolate por dia pode levar a um nível de intoxicação nociva ao organismo. E essa contaminação elevada tem sido visto em marcas famosas e renomadas.

Estudos anteriores realizados pela FDA demonstram que chocolate amargo tem uma média de 7,6 microgramas de cádmio e 0,8 microgramas de chumbo em aproximadamente 30 g de chocolate, sendo que algumas marcas apresentam até quatro vezes mais os níveis desses metais pesados.

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Comparando com mais de 300 produtos alimentícios, o chocolate amargo encontra-se como terceiro maior produto com contaminação de cádmio e chumbo, perdendo apenas para o fermento em pó e sementes de girassol.

Contaminação do chocolate amargo com metais pesados

Efeitos da contaminação

De acordo com U.S. Agency for Toxic Substances and Disease Registry, o risco mínimo para o consumo diário de cádmio é de 6 mcg para um adulto com 60 Kg e não há estabelecido um nível mínimo seguro de chumbo, uma vez que mesmo índices muito baixos estão relacionados a efeitos no sistema nervoso de crianças. A contaminação por metais pesados leva a efeitos a longo prazo no organismo, especialmente durante a gestação e na população infantil. A contaminação por cádmio pode levar a patologias ósseas e falência renal e pneumopatias. O chumbo por sua vez pode afetar todos os sistemas orgânicos, porém tem uma maior influência em relação ao sistema nervoso.

Outros sintomas mais clássicos relacionados ao excesso de chumbo são: irritabilidade, tremores, cefaleia, diminuição da memória e capacidade de concentração.

Como se dá a contaminação?

O chocolate é feito a partir do cacau que possui basicamente dois elementos, uma parte mais sólida e uma parte mais mole, a manteiga do cacau. O chocolate amargo é produzido basicamente com a parte mais sólida, que é rica em flavonoides que são oxidantes ligados a melhora da pressão arterial, tem efeito anti-inflamatório e também são capazes de reduzir os níveis de colesterol LDL. Além disso possuem menos açúcar que os chocolates ao leite e são ricos em fibras e minerais como magnésio e potássio. Porém, essa parte sólida é a que possui maiores índices de metais, principalmente o cádmio. Isso também se aplica aos produtos feitos em pó, como misturas para bolo, biscoitos e o próprio chocolate em pó que são praticamente produzidos somente com a parte sólida do cacau. O chocolate amargo possui maior índice de contaminação que os chocolates ao leite por serem feitos com muito maior quantidade de cacau, em torno de 65%.

A contaminação do grão de cacau é feita de maneiras distintas em relação a cada metal pesado. Estudos demonstram que a contaminação por cádmio é feita diretamente através do solo. A árvore do cacau vai absorvendo o cádmio presente no solo contaminado durante seu crescimento, maneira similar como outros alimentos também são contaminados com metais.

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Já em relação ao chumbo, é bem provável que a contaminação ocorra após a colheita dos frutos e principalmente pela exposição dos mesmos no momento da secagem ao sol em ambientes poluídos. Pesquisadores analisaram que o chumbo estava mais presente na parte externa do fruto do que no seu interior. Pelo diferente tipo de contaminação entre os metais, onde o cádmio encontra-se dentro do fruto e o chumbo no seu exterior, maneiras de diminuir essa contaminação passam a ser distintas.

Como diminui a contaminação?

Em relação ao chumbo onde a contaminação é feita após a colheita, uma maior atenção deve ser dada a áreas onde os frutos ficam expostos, armazenando-os de uma forma protegida com plásticos e longe de estradas com alto fluxo de caminhões, além de se realizar uma limpeza específica dos frutos para que o chumbo seja retirado da forma mais adequada.

Já em relação ao cádmio, as medidas para diminuir a contaminação são mais complicadas, uma vez que essa vem direto do solo. Alguns produtores de marcas com os índices mais baixos do metal, relatam que realizam uma mistura de frutos de diferentes solos e origem. Outra solução seria a troca de árvores mais velhas por árvores mais jovens, uma vez que os índices de cádmio aumentam com a idade da planta. O tratamento do solo para que os índices de metais sejam menores também pode ser uma contribuição para melhorar a qualidade do produto. Outra solução, porém, mais dispendiosa e com necessidade de mais tempo, seria a modificação genética de árvores para que essas retirem menos metais do solo.

Conselhos para comer chocolate amargo

O consumo de chocolate amargo principalmente de marcas com alto índice de contaminação deve ser desestimulado principalmente para pacientes gestantes e crianças, porém a outra parte da população pode consumir de forma que diminua os riscos como por exemplo:

  1. Escolha de marcas com menores índices de contaminação.
  2. Chocolate deve ser um petisco.
  3. Escolhas chocolates amargos com menos índice de cacau.
  4. Alterne o consumo com chocolate ao leite.
  5. Não assuma que produtos orgânicos são mais saudáveis.
  6. Não ofereça a crianças chocolate amargo.
  7. Diminua o consumo geral de chocolate na sua dieta.
  8. Frutas são grandes opções para sua vontade de doce, faça escolhas inteligentes.

Não é necessário evitar a todo o custo a ingesta de chocolate amargo, apenas consumi-lo com moderação.

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