Covid-19 e a criança com cardiopatia: posicionamento oficial conjunto de três sociedades

Três sociedades médicas brasileiras, se posicionaram em conjunto em relação aos pacientes pediátricos com cardiopatias durante a pandemia de Covid-19.

Em nota conjunta, intitulada A criança com cardiopatia nos tempos de Covid-19: Posicionamento oficial conjunto”, o Departamento Científico de Cardiologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, o Departamento de Cardiopatias Congênitas e Cardiologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cardiologia e o Departamento de Cirurgia Cardiovascular Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular descreveram suas recomendações e algumas características peculiares em relação aos pacientes pediátricos com cardiopatias durante a atual pandemia da doença causada pelo novo coronavírus (Coronavirus Disease 2019 — Covid-19).

Cuidados especiais que devem ser tomados em relação a Covid-19 e crianças com cardiopatia, de acordo com o posicionamento oficial conjunto de três sociedades médicas brasileiras.

Posicionamento sobre Covid-19

Novas informações e recomendações poderão ser atualizadas a qualquer momento

  • Não há dados, até o momento, sobre a incidência de Covid-19 especificamente na população pediátrica portadora de cardiopatia congênita;
  • Não existem evidências de infecção intrauterina, nem através do leite materno. Os casos relatados em neonatos ocorreram por infecção pós-natal. Dessa forma, até o momento, as três sociedades não aconselham a suspensão do aleitamento materno de bebês cujas mães estejam com Covid-19. Porém, enfatizam a necessidade de cuidados rigorosos para evitar a disseminação do vírus: lavagem adequada das mãos sempre antes de tocar no bebê ou em objetos como, por exemplo, mamadeira ou bomba extratora, e utilizar máscara facial quando estiver amamentando;
  • Não existem informações suficientes para se avaliar o risco de crianças com cardiopatias em relação a Covid-19. Recomenda-se utilizar o conhecimento quanto a outras infecções respiratórias, como infecções pelo vírus sincicial respiratório e vírus Influenza. As três sociedades consideram que crianças com cardiopatias congênitas ou adquiridas que apresentem repercussão hemodinâmica significativa (insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar ou hipoxemia) e cardiopatias que já foram submetidas à correção cirúrgica, porém mantêm sinais de insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar, cianose ou hipoxemia, representam um grupo de risco para Covid-19, já que podem evoluir com agravamento das condições ventilatórias mais precoce e intensamente;
  • Recomenda-se que crianças com transplante cardíaco sejam mantidas com certo grau de isolamento em domicílio, evitando locais de aglomeração. Essas crianças precisam evitar, ao máximo, o contato com indivíduos que apresentem sintomas gripais;
  • Em relação à realização de cirurgia cardíaca pediátrica ou cateterismo intervencionista, recomenda-se que sejam adiados procedimentos cirúrgicos ou de cateterismo intervencionista/diagnóstico eletivos em pacientes cardiopatas cuja evolução clínica e funcional dos próximos 3 meses não suscitará agravamento do quadro cardiológico. No caso de pacientes com cardiopatia grave e com significativa repercussão clínica e hemodinâmica, ou aqueles que apresentam risco de piora clínica iminente, recomenda-se que os procedimentos cirúrgicos ou de cateterismo intervencionista, sejam efetuados dentro da programação já estabelecida, sempre que possível (decisão de cada instituição). O risco da Covid-19 e o dano causado ao paciente pelo adiamento do tratamento da cardiopatia devem ser avaliados de forma individualizada; a decisão sobre adiar ou não estes procedimentos deve ser compartilhada entre o cardiologista pediátrico, cirurgião cardíaco e/ou médico intervencionista e os familiares da criança;
  • Quanto a consultas médicas e exames cardiológicos, recomenda-se o adiamento, sempre que possível, da realização de consultas de rotina e de procedimentos diagnósticos eletivos. É recomendado tentar manter os agendamentos neste período de Covid-19 em caso de pacientes com cardiopatia em evolução ou cardiopatias graves, principalmente aqueles que necessitam de definição anatômica ou de estado funcional e que deverão ser submetidos à cirurgia cardíaca ou ao cateterismo intervencionista (o benefício da consulta ou do exame cardiológico deve ser considerado superior ao risco de exposição ao Covid-19). Recomenda-se espaçar os horários para consultas e exames, com o objetivo de diminuir o número de pessoas na sala de espera (é recomendado apenas um acompanhante). Sempre que possível, os pacientes imunossuprimidos devem ficar em casa. Familiares do paciente, que sejam jovens e sadios, poderão comparecer para renovar receitas de medicamentos de uso contínuo. O médico pode utilizar teleconsultas, sempre que possível, para avaliar o quadro clínico geral da criança e fornecer orientações;
  • Não há evidências que apoiem a suspensão dos seguintes medicamentos: diuréticos, betabloqueadores, inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), bloqueadores de receptores da angiotensina (BRA), ácido acetil salicílico e anticoagulantes. Apesar de não existir um estudo específico em pediatria, recomenda-se cautela na prescrição de ibuprofeno e corticosteroides, conforme estudos realizados em adultos;
  • Crianças e adultos cardiopatas precisam ter a carteira de vacinação atualizada, especialmente a imunização contra Influenza, vírus sincicial respiratório e pneumococo;
  • Com relação ao isolamento social, pais e familiares precisam estar cientes que os pacientes cardiopatas devem: manter sempre a distância mínima de 1 metro de outras pessoas; evitar abraços, beijos e apertos de mão; lavar muito bem as mãos e cobrir o nariz e a boca com o braço quando for tossir ou espirrar; não compartilhar brinquedos ou outros objetos com outras crianças; evitar aglomeração, mesmo que em locais abertos;
  • Profissionais de saúde devem identificar prontamente se o paciente a ser atendido apresenta sinais de síndrome gripal suspeita ou confirmada de Covid-19 e devem também estar atentos ao uso de equipamentos de proteção individual: uso de máscara cirúrgica comum tanto para o paciente quanto para o profissional; uso de máscaras tipo N95 durante realização de procedimentos geradores de aerossóis (como intubação ou aspiração traqueal, ventilação não invasiva, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação manual antes da intubação, indução de escarro, coletas de amostras nasotraqueais e broncoscopias); uso de óculos de proteção ou face shield, avental com mangas longas e luvas não estéreis.

Referências bibliográficas:

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