CROI 2022: infecção e reinfecção por HCV

Uma das palestras da CROI 2022 discutiu as alterações no risco de infecção e de reinfecção por HCV no contexto dos novos tratamentos.

Na era dos antivirais de ação direta (DAA), o manejo e a história natural da infecção por HCV foram radicalmente alteradas. Contudo, o risco de infecção – e de reinfecção – pelo HCV continua sendo uma preocupação na prática clínica.

Uma das palestras da  Conference on Retoviruses and Opportunistic Infections 2022 (CROI 2022) discutiu as alterações no risco de infecção primária e de reinfecção por HCV no contexto dos novos tratamentos.

imagem do vírus causados da infecção por HCV

Infecção por HCV

A incidência de HCV na população de homens que fazem sexo com homens (HSH) é de aproximadamente 8,6/1000 pessoas-ano, com taxas maiores na Austrália e na Europa. As taxas variam de acordo com o status de HIV e com o uso ou não de PrEP e de infecção primária ou de reinfecção.

Estudos mostram que a incidência de infecção primária em indivíduos HSH vivendo com HIV é estimada em 8,5/1000 pessoas-ano, em 14,8/1000 pessoas-ano em indivíduos HSH com risco de infecção pelo HIV em uso de PrEP, e em 0,1/1000 pessoas-ano em indivíduos HSH com risco de infecção pelo HIV que não estão em uso de PrEP.

Para reinfecção, há dados referentes a indivíduos HSH em PrEP e nos vivendo com HIV, com incidência estimada em 166-252/1000 pessoas-ano e 10,5-170/1000 pessoas-ano, respectivamente. Práticas e comportamentos de risco são considerados fatores importantes nas altas taxas de reinfecção observadas. Entretanto, é importante destacar que pessoas em PrEP são mais frequentemente testadas, então comparações tornam-se difíceis.

O acesso universal aos DAAs esteve associado à redução na incidência de infecção primária por HCV na população HSH em uso de PrEP (redução de 80%) e infectados pelo HIV (redução de 54 – 81%), mas não nos que estão em risco de infecção pelo HIV, mas não estão em uso de PrEP. Para reinfecção, os dados são menos consistentes, com alguns estudos mostrando redução, mas ainda com altas taxas de incidência.

Em usuários de drogas injetáveis, um estudo australiano encontrou uma incidência de reinfecção por HCV estimada em 39/1000 pessoas-ano após a terapia com DAA, taxa semelhante à encontrada após terapia baseada em interferon e menor do que o de infecção primária na mesma população. Outro estudo, avaliando somente países em desenvolvimento, encontrou uma incidência de 28/1000 pessoas-ano, uma taxa semelhante às encontradas em países desenvolvidos. Entretanto, outros estudos indicam que o risco de reinfecção parece ter aumentado na era pós introdução dos DAAs na prática clínica.

Em relação a comportamentos de risco, algumas práticas estão associadas a maior risco de infecção primária e/ou reinfecção em HSH e em usuários de drogas injetáveis.

Comportamentos de risco em HSH

Associados à infecção primária:

  •  Relação sexual anal com trauma de reto com sangramento.

Associados à reinfecção:

  • Número de parceiros sexuais casuais.

Associados a infecção primária e à reinfecção:

  • Relação sexual anual receptiva sem preservativo;
  • Compartilhamento de brinquedos sexuais;
  • Fisting;
  • Compartilhamento de equipamentos durante uso de drogas administradas por via nasal;
  • Infecções sexualmente transmissíveis ulcerativas.

Comportamentos de risco em usuários de drogas injetáveis

Associados à infecção primária e à reinfecção:

  • Compartilhamento de equipamentos para injeção de drogas;
  • Uso recente de drogas injetáveis.

Recomendações

Os consensos internacionais recomendam que a população HSH com comportamentos e práticas associados a maior risco de transmissão por HCV sejam testados a cada 3-6 meses. Para a população de usuários de drogas injetáveis, avaliação regular após tratamento de HCV é recomendado para detecção e tratamento precoces. Além disso, estratégias de redução de danos podem ser necessárias. Para reinfecção, o rastreio deve ser feito com solicitação de carga viral HCV-RNA ou antígeno HCV-core e, caso seja detectada, tratamento imediato com DAA é recomendado.

Por fim, a palestrante conclui que a prevenção de reinfecção em populações-chave envolve a combinação de serviços e estratégias, com testagem regular e frequente, tratamento precoce, aconselhamento de medidas preventivas, programas de redução de danos e intervenções efetivas voltadas para ação em práticas comportamentais.

Estamos acompanhando o CROI 2022. Fique ligado no Portal PEBMED!

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