Efeitos adversos perinatais e tratamento materno com opioides no pós-parto

Artigo avalia o risco de efeitos adversos em neonatos, filhos de mães que receberam prescrição/tratamento de opioides no período pós-parto.

A maioria das mulheres na América do Norte inicia a amamentação no pós-parto imediato e muitas delas recebem a prescrição de opioides nesse período. Todos os opioides passam através do leite materno em pequenas quantidades, embora não o suficiente que se espera causar problemas respiratórios ou depressão do sistema nervoso central para os lactentes.

Leia também: A relação entre dor, consumo de opioides e mobilização no pós-operatório

Alguns relatos isolados apresentaram casos de toxicidade neonatal pelo uso materno de opioides, porém, levantando a hipótese de provável uso exagerado dessas drogas.

O artigo, publicado no BMJ e aqui descrito, então, objetivou examinar a associação do uso de opioides por mulheres no período pós-parto e o aumento dos riscos de efeitos adversos neonatais.

Efeitos adversos perinatais e tratamento materno com opioides no pós-parto

Metodologia

Trata-se de um estudo de coorte, realizado em Ontário, Canadá, de setembro de 2012 a março de 2020.

O estudo incluiu mães que tiveram o parto nesse período, apenas de gestações únicas e que tiveram a alta conjunta com o neonato em até 7 dias do parto. As mulheres que receberam a prescrição de opioides nos primeiros sete dias pós-parto foram elegíveis para coleta de dados para esse estudo. Os opioides analisados foram morfina, tramadol, codeína, fentanil e oxicodona.

O desfecho primário foi a readmissão hospitalar de bebês por qualquer motivo dentro de 30 dias do preenchimento de uma receita de opioides. Os desfechos secundários foram relacionados a outros problemas de saúde relatados com esses neonatos, incluindo óbito.

Resultados

Foram analisados dados de 85.675 mulheres que receberam prescrição de opioide e obtiveram a medicação dentro de sete dias após a alta hospitalar (pós-parto) e comparado com um grupo controle que não havia recebido tal prescrição.

Saiba mais: Dependência de opioides: um panorama brasileiro

Dos neonatos admitidos no hospital dentro de 30 dias, 2.962 (3,5%) nasceram de mães que preencheram uma prescrição de opioides em comparação com 3.038 (3,5%) nascidas de mães que não o fizeram. Filhos de mães que receberam prescrição de um opioide não eram mais propensos a ser hospitalizados por qualquer motivo do que crianças de mães que não receberam prescrição de opioides (razão de risco 0,98, IC 95% 0,93 a 1,03) e eram, ligeiramente, mais propensos a serem levados para um serviço de emergência nesse período de 30 dias (1,04; 1,01 a 1,08).

Conclusões

O estudo não encontrou associação da prescrição de opioides para mulheres no período pós-parto e desfechos desfavoráveis neonatais.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Zipursky JSGomes TEverett KCalzavara APaterson JMAustin PC, et al. Maternal opioid treatment after delivery and risk of adverse infant outcomes: population based cohort study. BMJ. 2023;380:e074005. DOI: 10.1136/bmj-2022-074005