Fraturas estáveis da parede posterior do acetábulo têm bons resultados se tratadas conservadoramente? 

As fraturas da parede posterior são as mais comuns do acetábulo, correspondendo a 25% delas, normalmente devido a acidentes automobilísticos.

As fraturas da parede posterior são as mais comuns do acetábulo, correspondendo a 25% delas. Essas fraturas normalmente são resultantes de acidentes automobilísticos que produzem a transmissão de força através do fêmur para o quadril, com graus variados de flexão e adução. 

Historicamente, nas maiores séries publicadas, o tratamento dessas fraturas apresenta resultados mais satisfatórios com a intervenção cirúrgica. As indicações para o tratamento cirúrgico das fraturas da parede posterior são instabilidade ou incongruência da articulação do quadril, entretanto, são situações difíceis de definir e há quase sempre maior predisposição para a intervenção cirúrgica. 

Há controvérsias em relação a definição de estabilidade, com alguns advogando comprometimento de menos de 50% e outros menos de 20% de acometimento da parede posterior. Recentemente, tem se praticado o exame de estresse dinâmico sob fluoroscopia e anestesia para avaliação de instabilidade. Entretanto, há escassez de dados em relação aos resultados gerados por essa prática. 

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Fraturas estáveis da parede posterior do acetábulo têm bons resultados se tratadas conservadoramente? 

O estudo 

Foi publicado no último mês no Journal of Orthopaedic Trauma um estudo prospectivo com o objetivo de avaliar os resultados de pacientes com fraturas de acetábulo com menos de 50% de acometimento da parede posterior (AO 62-A1) tratadas conservadoramente após teste de estresse dinâmico. Foram incluídos 24 pacientes de um total de 93 que, entre 2007 e 2012, foram tratados no hospital universitário de Saint Louis, no Missouri. Os critérios de exclusão foram imaturidade esquelética, outras doenças do quadril ou fêmur, cirurgia prévia ou tratamento cirúrgico devido a instabilidade após o teste. 

Dos 24 pacientes, 7 (29%) perderam o follow-up com menos de 6 meses, deixando apenas 17 para as avaliações. A idade variou de 17 a 62 anos, sendo 7 mulheres e 10 homens e o tamanho do fragmento da parede posterior variou entre 6 e 41%, com média de 24%. Os resultados radiográficos foram classificados como “excelentes” em 16 pacientes e “bom” em 1 caso. Depois, percebeu-se que esse caso considerado “bom” já possuía artrose prévia e deveria ser excluído do estudo. 

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Nenhum dos pacientes demonstrou sinais de instabilidade durante o tempo de follow-up. Na avaliação pelo escore funcional MMA (Merle d’Aubigné modificado) para o quadril, as pontuações ficaram entre “razoável” (14 pontos) e “excelente” (18 pontos), com uma média de 17 pontos (“muito boa”). Não houve correlação entre o tamanho do fragmento e o escore (r=0,199). O escore do questionário SMFA (Short Musculoskeletal Function Assessment) também demonstrou bons resultados. 

Conclusão

A conclusão gerada pelo estudo é que pacientes com fraturas da parede posterior do acetábulo com fragmento menor que 50% avaliados sob fluoroscopia e anestesia com teste de estresse e considerados estáveis apresentam bons resultados funcionais e radiográficos se tratados conservadoramente.  

Referências bibliográficas:

  • McNamara AR, Boudreau JA, Moed BR. Nonoperative Treatment of Posterior Wall Acetabular Fractures After Dynamic Stress Examination Under Anesthesia: Revisited, Journal of Orthopaedic Trauma: 2022 Feb 1;36(Suppl 2):S1-S6. doi: 10.1097/BOT.0000000000002344.

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