Gripe Aviária (IA): diagnóstico laboratorial

Uma coordenação próxima entre vigilância animal e humana é essencial para controlar e enfrentar os surtos da Influenza Aviária (IA).

 A Influenza Aviária (IA) subtipo A (H5N1), genericamente conhecida como gripe aviária, é uma doença causada por um tipo de vírus influenza, principal responsável pelos atuais surtos persistentes de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) observados nas Américas. Esse subtipo do vírus influenza pode causar doença respiratória grave e altamente contagiosa em aves e mamíferos. 

Entre humanos, a infecção e transmissão parece ser incomum e ocasional, ocorrendo, geralmente, após uma exposição a aves infectadas (vivas ou mortas) ou ambientes contaminados. Entretanto, apesar de esporádica, a infecção em humanos pode levar a formas graves da doença (ex.: Síndrome Respiratória Aguda Grave – SRAG), apresentando uma alta taxa de letalidade (cerca de 50 a 60%).  

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Coleta, preparo e envio da amostra biológica 

Para um adequado monitoramento, manejo e diagnóstico laboratorial da doença, é imprescindível respeitar determinados processos da etapa pré-analítica do exame, dentre elas uma correta coleta, armazenamento e transporte das secreções respiratórias de casos suspeitos ou prováveis de Influenza Aviária.

A coleta do material deve ser feita por profissional treinado, seguindo as normas de biossegurança adequadas para vírus respiratórios. As amostras do trato respiratório deverão ser coletadas o mais precocemente possível, idealmente, dentro dos primeiros 7 dias de sintomas. Tanto o aspirado de nasofaringe (ANF) quanto swab combinado (nasal/oral) são as amostras clínicas recomendadas, sendo o ANF a amostra biológica de preferência.  

Quando optado pelo swab combinado, um total de 3 amostras deverão ser coletadas (uma da orofaringe e uma de cada narina). Após a devida coleta, todos os swabs deverão ser colocados em um mesmo tubo de material plástico (polipropileno), contendo 3 mL de meio de transporte viral estéril. Manter a amostra sob refrigeração a 4C por até, no máximo, 72 horas. 

Em relação aos swabs, esses deverão possuir hastes plásticas, do tipo rayon, e serem estéreis. Outros tipos de swabs, como os de haste de madeira e/ou com alginato de cálcio, não podem ser utilizados, devido à possibilidade de interferência analítica nos ensaios moleculares (RT-PCR) e de isolamento viral. 

O frasco deverá ser enviado ao LACEN (Laboratório Central de Saúde Pública) estadual, onde serão preparadas para o direcionamento final, de acordo com o fluxo de referência, a um dos três Centros Nacionais de Influenza (NICs) existentes no Brasil. Apenas os NICs são qualificados para realizar uma segura manipulação e análise laboratorial das amostras em ambientes com nível de biossegurança 3 (NB3). 

Esses NICs são laboratórios credenciados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), fazendo parte do Sistema de Vigilância e Resposta Global à Influenza (GISRS) e ficam localizados, atualmente, na Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz (Rio de Janeiro/RJ), no Instituto Adolfo Lutz – IAL (São Paulo/SP) e no Instituto Evandro Chagas – IEC (Ananindeua/PA). 

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Considerações finais 

Os casos suspeitos em humanos devem ser imediatamente notificados (em até 24 horas) às autoridades sanitárias para que a todas as medidas de investigação, isolamento, coleta, tratamento (preferencialmente dentro de até 48 horas após o início dos sintomas), rastreio e monitoramento de contactantes sejam devidamente implementadas. 

Para um adequado controle e enfrentamento dos surtos da Influenza Aviária (IA), se faz necessária uma coordenação muito próxima entre a vigilância animal e humana. E, sem dúvida, um rápido e correto diagnóstico laboratorial é de fundamental importância nesse contexto. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis. Coordenação-Geral de Vigilância das Doenças Imunopreveníveis [Internet]. Nota Técnica nº 35/2023-CGVDI/DPNI/SVSA/MS. (Acesso em 05/06/2023). 
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Guia para a Rede Laboratorial de Vigilância de Influenza no Brasil. Brasília, DF. Ministério da Saúde; 2016. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_laboratorial_influenza_vigilancia_influenza_brasil.pdf. (Acesso em: 05/06/2023). 
  • CDC (Centers for Disease Control and Prevention). Interim Guidance on Testing and Specimen Collection for Patients with Suspected Infection with Novel Influenza A Viruses with the Potential to Cause Severe Disease in Humans [Internet]. Disponível em: https://www.cdc.gov/flu/avianflu/severe-potential.htm. (Acesso em: 06/06/2023).