ID Week 2022: Estudos de doenças fúngicas que podem mudar a prática

Veja a parte da sessão do ID Week 2022 com a apresentação de estudos focados em doenças fúngicas e que podem alterar a prática clínica.

Durante o congresso IDWeek 2022, promovido pela Infectuous Diseases Society of America (IDSA), em Washington D.C, foram apresentados resultados de estudos recém-publicados na área da infectologia. Aqui reunimos os novos estudos sobre doenças provocadas por fungos que têm o potencial de influenciar a prática médica.

Os temas de maior relevância durante as sessões do congresso foram terapias para Candida sp e meningite criptocócica.

ID Week 2022: estudos de doenças fúngicas que podem mudar a prática

CandiSep Trial

Um dos estudos sobre doenças fúngicas, o CandiSep é um ensaio clínico randomizado, aberto e multicêntrico comparando desfechos entre terapia guiada por beta-D-glucana e tratamento padrão em pacientes com sepse e alto risco para infecção por Candida sp. O desfecho primário foi mortalidade em 28 dias.

Eram elegíveis adultos com sepse e alto risco para candidíase invasiva. Indivíduos com candidíase invasiva comprovada, uso prévio de antifúngicos, uso de by-pass cardíaco recente, terapia recente com imunoglobulina ou imunossupressão foram excluídos.

O grupo intervenção teve hemoculturas e dosagem de beta-D-glucana coletados dentro da primeira hora após a randomização. Antifúngicos eram iniciados na presença de qualquer resultado positivo de beta-D-glucana e descontinuados se as hemoculturas fossem negativas. Para o grupo de tratamento padrão, os médicos assistentes não sabiam dos resultados de beta-D-glucana.

Não houve diferença entre os grupos na mortalidade em 28 dias, mortalidade hospitalidade, duração de internação e uso de vasopressores e necessidade de ventilação mecânica. Contudo, destaca-se a baixa frequência de infecções invasivas por Candida sp. detectadas no estudo, o que pode comprometer a análise na busca por diferenças entre os grupos.

Anfotericina B lipossomal em dose única para o tratamento de meningite criptocócica

Meningite criptocócica é uma condição associada à alta mortalidade, sendo a principal causa de morte em indivíduos com HIV na África subsaariana. O tratamento preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) envolvia o uso da formulação deoxicolato de anfotericina B, que apresenta uma alta taxa de eventos adversos e toxicidade.

Um estudo de não inferioridade, randomizado e controlado, conduzido em cinco países africanos avaliou a eficácia e segurança de um esquema de alta dose de anfotericina B lipossomal em dose única, associada a flucitosina, com o tratamento padrão recomendado pela OMS, que consiste na administração de anfotericina B deoxicolato, flucitosina e fluconazol.

Mortalidade com 10 semanas foi semelhante entre os dois grupos de tratamento, assim como redução na carga fúngica presente no líquor. Eventos adversos moderados a graves foram mais frequentes no grupo de tratamento padrão.

Após os resultados desse estudo terem sido publicados, a OMS alterou sua recomendação e o regime terapêutico com dose elevada de anfotericina B lipossomal em dose única passou a ser o esquema preferencial de tratamento.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Bloss F, et al. (1 → 3)-β-D-Glucan-guided antifungal therapy in adults with sepsis: the CandiSep randomized clinical trial. Intensive Care Med. 2022 Jul;48(7):865-875. doi: 10.1007/s00134-022-06733-x. 
  • Jarvis JN, et al. Single-Dose Liposomal Amphotericin B Treatment for Cryptococcal Meningitis. N Engl J Med 2022; 386:1109-1120 DOI: 10.1056/NEJMoa2111904
  • IDWeek 2022. The joint annual meeting of the Infectious Diseases Society of America (IDSA), Society for Healthcare Epidemiology of America (SHEA), the HIV Medicine Association (HIVMA), the Pediatric Infectious Diseases Society (PIDS), and the Society of Infectious Diseases Pharmacists (SIDP). Acesso em: https://idweek.org/