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A primeira operação do Brasil a utilizar uma técnica com micro-ondas para remover tumores foi realizada no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). A cirurgia aconteceu em maio deste ano.
Indicada para tipos de tumores de fígado, rim, pulmão e ossos, a ablação por micro-ondas é apontada como uma excelente opção para o tratamento de lesões de uma forma menos invasiva e mais rápida. Com essa nova prática, é possível reduzir o tempo de internação e preservar a função dos órgãos que recebem o tratamento.
O método já demonstrou ter resultados semelhantes aos obtidos em cirurgias, mas sem remoção de tecidos sadios. “Como trata os tumores com baixa invasividade, o paciente faz o tratamento e pode ir para casa no outro dia. Quem tem doença metastática muitas vezes, após a cirurgia, precisa de três meses de recuperação”, explica Marcos Menezes, coordenador-chefe do Serviço de Radiologia do Icesp e presidente da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (Sobrice).
Como é realizado o procedimento?
Em primeiro lugar, é realizado um pequeno corte no paciente para a passagem da agulha, sendo a mesma posicionada no local do tumor. Ela é inserida e guiada por ultrassom ou tomografia computadorizada.
Na ponta da agulha é gerada a emissão de micro-ondas. Graças a um campo magnético, é realizado um movimento de moléculas de água, que eleva a temperatura e destrói a lesão pela intensidade do calor.
Vantagens
- Rapidez: para tratar uma lesão de 1 cm, o procedimento dura apenas um minuto;
- Procedimento minimamente invasivo, que reduz o tempo de internação do paciente;
- Preservação do órgão.
Nova técnica é oferecida desde 2009
A ablação por micro-ondas é o desenvolvimento mais recente no campo da ablação de tumores. A técnica permite abordagens flexíveis ao tratamento, incluindo acesso cirúrgico percutâneo, laparoscópico e aberto.
A ablação por micro-ondas tem um potencial promissor no tratamento de doenças hepáticas primárias e secundárias, malignidades primárias e secundárias do pulmão, tumores renais e adrenais e metástases ósseas.
O Icesp já oferece tratamento semelhante desde 2009, mas utilizando a radiofrequência. A técnica de ablação por micro-ondas já está consolidada na medicina oncológica há mais de cinco anos.
Mas nem todos os pacientes podem ser submetidos ao método. Depende do tamanho da lesão e da localização. A técnica é contraindicada para lesões de fígado em posições centrais porque pode lesar a via biliar. Em pulmão, não pode ser perto de brônquios grandes.
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Riscos
Há limites para a realização da ablação. Além de não conseguir lidar com tumores muito grandes, o resultado pode não ser tão positivo se o câncer estiver próximo de um vaso sanguíneo. Neste caso, o vaso se comporta como uma espécie de radiador, esfriando a região e impedindo a total destruição das células cancerosas.
Segundo estudos, contudo, a técnica de ablação por micro-ondas tem maior chance de funcionar em casos como esses em comparação à ablação por radiofrequência.
Também é possível que algumas células malignas sobrevivam ao processo e deem origem a novos tumores. Sempre uma margem de segurança do tecido é destruída, mas o câncer às vezes encontra um jeito de resistir.
Há risco também de superaquecimento, o que pode lesar áreas próximas ao tumor que deveriam ser preservadas. Isso pode acontecer caso o sistema de resfriamento não funcione adequadamente. Felizmente, esses problemas são raros.
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Referências: