O que devemos conhecer sobre cardiopatias adquiridas e congênitas na gestação?

A atenção à cardiopatia e seus esforços devem ser feitos no sentido de permitir a possibilidade de uma gestação saudável e exitosa.

Na verdade, a atenção às cardiopatias na mulher deve ser feita antes mesmo do início da vida reprodutiva! 

Deve-se ter em mente que seja na vigência de um evento reumático (febre reumática) ou na abordagem e tratamento de uma má-formação congênita durante a infância, essa criança se adequadamente tratada e acompanhada, alcançará a idade reprodutiva e estará apta a gestar. Então, nosso papel começa desde esse período. 

Deste modo, todos os esforços devem ser feitos no sentido de permitir a possibilidade de uma gestação saudável e exitosa. Por exemplo, ao se propor uma troca valvar para uma mulher jovem, deve-se dar preferência às próteses biológicas que não necessitam de anticoagulação o que irá facilitar sobremaneira a gestação e o parto. Reduzindo drasticamente as comorbidades e complicações acrescentadas pela anticoagulação plena necessária nas próteses metálicas. 

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Cardiopatias na gestação

O aconselhamento pré-concepcional é fundamental, seja na orientação em relação às drogas contraindicadas na fase de embriogênese como na proposição de terapêuticas cirúrgicas previamente a concepção, como por exemplo valvoplastia por balão ou troca valvar na estenose mitral severa, visando a redução de dano materno durante a gestação. 

Durante a gestação, o obstetra deve saber que as lesões que causam obstrução à saída do sangue do coração, por exemplo, estenose mitral (EM) e estenose aórtica (EAo), trazem consigo um maior risco de complicação. Isso porque são lesões que, para permitirem o aumento fisiológico do débito cardíaco (DC) da gestação, exigem elevações nas pressões de enchimento, sejam atrais na EM ou ventriculares na EAo. Desta maneira,  são responsáveis pelo aparecimento de arritmias como fibrilação atrial (FA) e suas consequências, edema pulmonar e insuficiência cardíaca. 

Quando sintomáticas, tais lesões geralmente necessitam uma abordagem invasiva que deve ser definida, se possível, até a vigésima semana de gestação. Evitando a maior sobrecarga cardíaca característica da segunda metade da gravidez. Por outro lado, as lesões regurgitantes trazem consigo uma evolução mais favorável, devendo-se dar toda a atenção à função ventricular e suas manifestações de insuficiência cardíaca.

Finalmente, com relação a próteses mecânicas e a necessidade de anticoagulação. A anticoagulação jamais deve ser suspensa durante o período gestacional, no entanto, atenção deve ser dada às pacientes em uso de warfarinaA warfarina deve ser substituída pela heparina não fracionada ou enoxaparina até a 12ª semana, quando deverá ser retomada para novamente ser substituída a partir da 36ª semana até o parto, voltando ao esquema inicial no pós parto.

 Vale lembrar que, com raras exceções, a indicação da via de parto se fará por indicação e via obstétrica!

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Referencias Bibliográficas:

  • Arq Bras Cardiol. 2020; 114(5):849-942
  • Posicionamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia para Gravidez e Planejamento Familiar na Mulher Portadora de Cardiopatia – 2020
  • Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia
  • Physiological changes in pregnancy Cardiovasc J Afr.  Mar-Apr 2016;27(2):89-94.
  • Maternal cardiovascular hemodynamic adaptation in pregnancy. Duvekot JJ, et al. Obstet Gynecol Surv. 1994. 
  • Cardiovascular System in Preeclampsia and Beyond. Thilaganathan B, Kalafat E. Hypertension. 2019 Mar;73(3):522-531. 
  • Cardiovascular origins of preeclampsia. Kalafat E, Thilaganathan B. Curr Opin Obstet Gynecol. 2017 Dec;29(6):383-389
  • Maternal Cardiovascular Function in Normal Pregnancy Evidence of Maladaptation to Chronic Volume Overload. Melchiorre K, Sharma R, Khalil A, Thilaganathan B.  
  • Hypertension, 2016 Apr;67(4):754-62.
  • Physiologic and Hemodynamic. Changes During Pregnancy. Troiano NH. AACN Adv Crit Care. 2018.

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