Qual a evidência para as várias intervenções na progressão da miopia em crianças?

A hipocorreção do grau já foi adotada como estratégia contra progressão da miopia, mas estudos clínicos mostram que ela não é clinicamente significativa.

Os óculos de visão simples desenhados para alterar o defocus periférico também teriam pouco efeito, menos que 14% de redução na progressão. Os efeitos com óculos bifocais e progressivos tendem a ser maiores, mas variáveis e questionáveis em termos de significância clínica em alguns casos (6%–51%). Lentes de contato de visão simples, gelatinosas ou rígidas têm efeito muito pequeno na progressão da miopia.

Leia também: Miopia: o que o oftalmologista precisa saber?

Em contrapartida lentes de contato com alguma multifocalidade têm efeitos significativos. Lentes multifocais centro longe foram usadas off label com sucesso, demonstrando uma média de 38% na redução da progressão. As lentes de descarte diário Misight demonstraram redução da progressão da miopia e do alongamento axial ao final de 2 anos de 39% e 38% respectivamente.

Qual a evidência para as várias intervenções na progressão da miopia em crianças?

Estudos recentes

A ortoceratologia, utilizada primariamente com o objetivo de reduzir o erro refrativo de forma temporária, comprovou ser benéfica também no controle da miopia. O tratamento induz um shift miópico relativo na periferia. A maioria dos estudos de efetividade para o controle da miopia focaram em crianças, com estudos limitados em adultos. No estudo LORIC, que avaliou crianças de 7 a 12 anos por 2 anos, o alongamento axial foi aproximadamente a metade no grupo da ortoceratologia (0,29 vs. 0,54 mm), No primeiro estudo chamado ROMIO o alongamento teve redução de 43%, com efeitos maiores em crianças mais jovens e mais progressoras (7-8 anos 20% x 65% controle) do que em crianças mais velhas (9-10 anos 9% X 13% controle).

Os estudos de tratamentos farmacológicos utilizaram principalmente atropina, apesar de outros antagonistas muscarínicos como pirenzepina, hipotensores oculares como timolol e um antagonista adenosina 7 metilxantina também terem sido estudados. Apesar da redução na progressão da miopia parecer ser maior com atropina 1% (em torno de 60% a 80%), os estudos mais recentes de atropina usam doses mais baixas com uma redução de efeito no controle da refração (em torno de 45%) e sem aparente controle do aumento do comprimento axial mas com alguns poucos efeitos colaterais e aparente rebote após retirada. Três concentrações de atropina foram estudadas nos estudos mais recentes (0,01%, 0,025% e 0,05%) por YAM et al. Todas as concentrações foram bem toleradas.

Em um estudo envolvendo baixas concentrações, crianças tratadas com 0,025% por 22 meses tiveram uma progressão em média de 0,28D por ano, comparado com 0,75D em crianças não tratadas (redução de 63%). Outro estudo que usou a mesma concentração em pré míopes reportou uma redução da miopia incidente e redução da progressão (21% x 54%, 0,14 vs. 0,58D).

Mensagem final

O tempo de atividade externa parece ser mais efetivo em prevenir a miopia incidente do que em diminuir a progressão de uma miopia existente. A evidência de que os níveis de vitamina D estejam relacionados ao controle da miopia são fracos. Em um estudo a cada hora adicional por semana de atividade externa houve uma redução do risco de desenvolver miopia de 2%.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Christine F. Wildsoet, Audrey Chia, Pauline Cho, Jeremy A. Guggenheim, Jan Roelof Polling, Scott Read, Padmaja Sankaridurg, Seang-Mei Saw, Klaus Trier, Jeffrey J. Walline, Pei-Chang Wu, James S. Wolffsohn; IMI – Interventions for Controlling Myopia Onset and Progression Report. Invest. Ophthalmol. Vis. Sci. 2019;60(3):M106-M131. DOI:10.1167/iovs.18-25958.

Especialidades

Tags