Novas recomendações para rastreamento para o câncer de colo de útero e vacinação contra o HPV

Sociedade americana passou a recomendar rastreamento para o câncer de colo de útero a partir dos 25 anos e teste para o HPV a cada 5 anos.

A American Cancer Society (ACS) simplificou e passou a recomendar preferencialmente que o rastreamento para o câncer de colo de útero comece com 25 anos e que as pacientes façam teste molecular para o HPV a cada 5 anos até os 65 anos. Como alternativa a paciente poderia fazer a citologia oncótica a cada 3 anos. A tendência lá nos EUA é de ampliar a cobertura e o acesso para o teste de captura híbrida. Além de diminuir progressivamente o uso para futuro abandono  do Papanicolau! A ACS “aceita” a coexistência dos dois testes de forma alternada, na ausência de ampla disponibilidade para o teste molecular. A ACS recomenda ainda interromper o rastreamento aos 65 anos se não houver história de neoplasia intraepitelial grau 2 ou maior nos 25 anos anteriores e testes negativos nos 10 últimos anos.

Leia também: Vacina contra HPV reduz em 89% a incidência de câncer do colo do útero

Médica explica para paciente os métodos de rastreamento de câncer de colo de útero e as vacinas para HPV

Diferenças das novas recomendações da American Cancer Society sobre rastreamento e HPV

Essas recomendações são diferentes da última atualização (2012). Pois dão preferência ao rastreamento pelo teste molecular para o HPV e ao recomendar o início do teste mais tarde (25 e não 21 anos). A ACS alega que com a maior cobertura vacinal dos adolescentes nos últimos anos seria adequado adiar o início do rastreamento. Contudo, essa recomendação não é aceita de forma unânime entre os especialistas, que alegam que pode haver “perda de oportunidade” ao iniciar o rastreamento mais tarde.

Vacina contra HPV

Em relação à vacinação, a ACS recomenda vacinar meninos e meninas entre os 9-12 anos para maior benefício na redução de casos de câncer preveníveis. Indivíduos não adequadamente vacinados devem fazê-lo até 26 anos, mas devemos nos atentar que a eficácia da vacinação entre 22-26 anos é inferior. A recomendação é não vacinar após 26 anos. No entanto, é possível a discussão caso a caso para adultos entre 27-45 anos que não tenham tido acesso a vacinação completa antes, ressaltando que não está claro se há (e qual seria) o subgrupo de adultos que poderiam se beneficiar da vacinação tardia, ainda que a eficácia seja menor.

Voltando a questão do rastreamento e reforçando a polêmica da recomendação da ACS. A American College of Obstetricians and Gynecologists continua recomendando suas próprias diretrizes. Indicando o início do rastreamento com 21 anos, começando com citologia a cada 3 anos e fazendo a transição para o teste molecular a cada 5 anos após os 30 anos. Já a U.S. Preventive Services Task Force recomenda Papanicolau isolado a cada 3 anos entre 21-65 anos ou teste molecular a cada 5 anos a partir dos 30 anos ou ainda ambos os testes a cada 5 anos também a partir dos 30 anos.

Saiba mais: Obesidade e diabetes são importantes fatores de risco para o câncer

E o rastreamento do câncer de colo de útero no Brasil?

O Ministério da Saúde e o INCA recomendam para mulheres assintomáticas a citologia oncótica tri-anual entre 25-64 anos, após 2 exames negativos consecutivos com intervalo de um ano. O MS implementou no calendário de vacinas em 2014, a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos. A partir de 2017, o Ministério estendeu a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Essa vacina protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Mesmo as mulheres vacinadas quando alcançarem os 25 anos, deverão fazer o exame preventivo periodicamente. Uma vez que a vacina não protege contra todos os tipos de HPV que podem causar câncer de colo uterino.

A FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) vem nos últimos anos tentando sensibilizar o MS a adotar o teste molecular (captura híbrida) no programa de rastreamento do câncer de colo útero em nosso país.

O INCA estima para 2020-2022 que o número de casos novos de câncer do colo do útero esperados para cada ano do triênio, será de 16.710. Com um risco estimado de 16,35 casos a cada 100 mil mulheres. Ele ainda é o câncer de maior incidência na região norte, segundo no nordeste e centro-oeste, quarto no sul e quinto no sudeste. Infelizmente o número de mortes ainda é extremamente alto, foram 6.385 brasileiras que perderam a vida por esse câncer que tem prevenção e diagnóstico precoce conhecido.

Mensagem final

Polêmicas à parte sobre como, quando e com que intervalo rastrear e quem e quando vacinar, ainda mais sabendo que temos vacina de graça e Papanicolau pelo SUS estes números são inaceitáveis. Importante discutir a incorporação de teste molecular, mas não podemos nos esquecer de lutar pelo acesso UNIVERSAL, rápido e de qualidade ao velho e bom Papanicolau, e ao tratamento rápido para os casos de citologia alterada.

Até quando vamos aceitar estes números?

Referências bibliográficas:

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.