CBMEDE 2022: Como manejar a intubação do paciente com disfunção de ventrículo direito

A emergencista e intensivista Sara Crager abordou a intubação do paciente com disfunção de ventrículo direito em palestra no CBMEDE 2022.

No CBMEDE 2022, uma das palestrantes internacionais, a emergencista e intensivista Sara Crager, de Los Angeles, Estados Unidos, abordou sobre a intubação do paciente com disfunção de ventrículo direito. 

O primeiro ponto é entender se a necessidade de intubação se dá por disfunção aguda do ventrículo direito ou se o paciente que será intubado tem como comorbidade a disfunção do ventrículo direito.  

A grande pergunta diante de um paciente com disfunção de VD é: você realmente precisa intubar esse paciente? 

intubação difícil

Por que é um problema?

A conferencista compara o ventrículo direito (VD) a uma estrutura sensível. O VD desmorona quando encontra alguma resistência. Por sua vez, o ventrículo esquerdo consegue se adaptar quando há um aumento da pós-carga, diferente do VD. O VD não tolera aumentos da sua pós-carga, reduzindo de forma importante seu volume sistólico. Tradicionalmente, foi adaptado a um sistema de baixa pressão (circulação pulmonar). 

Diante de cenários de hipoxemia, a vasoconstrição pulmonar hipoxêmica pode ser favorecida, levando ao direcionamento do fluxo sanguíneo para as áreas com melhor oxigenação, aumentando a pressão pulmonar e, consequentemente, a pós-carga de VD.  

“O VD não perdoa!”

A intubação, de acordo com nossa palestrante, é uma das formas de ”irritar” o VD. 

 Existe inclusive um ciclo vicioso relacionado ao procedimento: Hipotensão (pela indução da sedação) > Hipoxemia > Hipercarbia > ventilação por pressão positiva > aumento da pressão intratorácica > aumento da pressão pulmonar > piora da pós-carga de VD… 

Dicas práticas para a intubação do paciente com disfunção do ventrículo direito

Suporte hemodinâmico: 

  • Dê preferência a drogas sedativas que não promovem instabilidade hemodinâmica; 
  • Estabilize a pressão arterial, de preferência com vasopressores. Mas por que não com fluidos? Vai depender da pós-carga do VD – excesso de fluidos em um paciente com pós-carga de VD elevada vai paradoxalmente reduzir a pré-carga de VE!

Reduza a pressão pulmonar (ou melhor, não induza seu aumento!): 

  • Minimize a hipoxemia (pré-oxigenação adequada); 
  • Minimize a hipercapnia (os efeitos da vasoconstrição pulmonar pela hipoxemia são maximizados em situações de acidemia); 
  • Avalie vasodilatadores pulmonares inalatórios.

Dicas práticas – resumo: 

  • Drogas indutoras que não promovam instabilidade hemodinâmica (etomidato e cetamina); 
  • Suporte hemodinâmico com vasopressores (epinefrina é a sugestão da palestrante); 
  • Minimize hipoxemia (considere oxigenação apneica com a Cânula Nasal de Alto Fluxo – CNAF); 
  • Minimize hipercapnia (ventile entre as tentativas de intubação mesmo que não tenha hipoxemia);
  • Considere vasodilatadores pulmonares inalatórios durante a pré-oxigenação.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.