CROI 2022: HIV e TARV de longa duração – lenacapavir e outras drogas novas

A plenária de tratamento de longa duração de HIV, da CROI 2022, discutiu as novas opções terapêuticas em estudo, como o lenacapavir.

A continuação da plenária de tratamento de longa duração de HIV, da Conference on Retoviruses and Opportunistic Infections 2022 (CROI 2022), discutiu as novas opções terapêuticas em estudo. O foco de muitas pesquisas é não só em novas classes de antirretrovirais, mas também em novas modalidades de administração de medicamentos.

Há estudos de desenvolvimento de novos antirretrovirais voltados tanto para o tratamento quanto para prevenção. A tabela abaixo resume alguns dos medicamentos potenciais em avaliação, de acordo com seu objetivo e modo de administração.

Tratamento 

Oral 

Injetáveis (IV, IM, SC) 

Islatravir (inibidor de transcriptase reversa) 

Lenacapavir (inibidor de capsídeo) 

MI 254 

Albuvirtida (inibidor de entrada) 

bNAbs (anticorpo monoclonal) 

Elsulfavirina (inibidor de transcriptase reversa não análogo de nucleosídeo) 

MI 934 

Lenacapavir 

Islatravir 

Prevenção 

Anéis intravaginais (IVR), tópico, tecnologias de prevenção com multipropósito (MPT) 

Implantes, patches, IM 

Dapivirina IVR 

TAF/EFG 

EVO-100 gel 

MB66 filme 

MIV150 

PC1005 

Tenofovir IVR 

Dapivirina + C 

Pílula de prevenção dupla 

Implante de TAF 

Rilpivirina IM 

INSTI MAP 

Implante de islatravir 

Lenacapavir  

comprimidos de lenacapavir, novo antirretroviral para HIV

Lenacapavir

Dentre as novas drogas, o lenacapavir (LEN) tem ganhado destaque. Trata-se de um antirretroviral pertencente a uma nova classe, a de inibidores de capsídeo. Não apresenta resistência cruzada com os outros antirretrovirais já aprovados e pode ser administrado por via oral ou subcutânea. Sua grande vantagem está na possibilidade de administração a cada 6 meses.

O estudo Capella é um estudo de fase II/III que avalia o uso de LEN em indivíduos infectados pelo HIV multiexperimentados. Eram elegíveis para o estudo indivíduos com 12 anos ou mais, a partir de 35 kg, carga viral do HIV ≥ 400 cópias/mL, resistência a ≥ 2 antirretrovirais de ≥ 3 das 4 principais classes e ≤ 2 antirretrovirais totalmente ativos como opções remanescentes para tratamento.

Os participantes incluídos foram randomizados para adição de LEN oral (n = 24) ou placebo (n = 12) ao esquema atual por 14 dias. Após esse período, os participantes do braço do LEN passaram a receber TARV otimizada com LEN SC a cada 6 meses e os do braço placebo, TARV otimizada com um período de LEN oral seguido de LEN SC a cada 6 meses, ambos por 52 semanas.

Os resultados até o momento mostram maiores taxas de supressão virológica no braço randomizado para receber LEN + terapia otimizada com 26 semanas. Foi observado desenvolvimento de resistência em 4 participantes, sendo 2 associados a não adesão e 3 conseguiram supressão novamente sem resistência ao regime terapêutico otimizado. Não houve descontinuações relacionadas a eventos adversos. Reações nos locais de injeção foram reportados em 56% dos participantes, sendo classificados como leves em 70% dos casos e com resolução em alguns dias.

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Calibrate

Outro estudo, denominado Calibrate, avalia o uso de LEN como primeira linha de tratamento. Eram elegíveis para esse estudo indivíduos infectados com HIV-1, virgens de tratamento, com carga viral ≥ 200 cópias/mL, contagem de células T-CD4 ≥ 200 células/mL e não infectados por HBV e nem por HCV. Os participantes foram randomizados para 4 braços:

  • Braço 1 (n = 52): fase de indução com FTC/TAF oral diário + LEN SC a cada 6 meses por 28 semanas, seguida de fase de manutenção com TAF oral diário + LEN SC a cada 6 meses;
  • Braço 2 (n = 53): fase de indução com FTC/TAF oral diário + LEN SC a cada 6 meses por 28 semanas, seguida de fase de manutenção com bictegravir (BIC) oral diário + LEN SC a cada 6 meses;
  • Braço 3 (n = 52): LEN oral + FTC/TAF oral diários por todo o período do estudo;
  • Braço 4 (n = 25): terapia coformulada com BIC/FTC/TAF oral diários por todo o período do estudo.

Os resultados apresentados mostram que o uso de LEN (tanto oral quanto SC) + FTC/TAF esteve associado a altos níveis de supressão viral de forma rápida. Na semana 28, todos os braços de LEN apresentaram eficácia maior de 92% para o desfecho de carga viral < 50 cópias/mL. Foi relatado 1 caso de resistência, com níveis plasmáticos de LEN dentro do alvo terapêutico.

Reações locais foram reportados por 49% dos participantes, sendo que 83% foram classificados como leves e com resolução em alguns dias. Houve 2 descontinuações devido à induração no local de injeção. Contudo, no geral, LEN foi bem tolerado, sem relato de eventos adversos graves. Os eventos mais comuns foram náuseas e cefaleia.

Estamos acompanhando o CROI 2022. Fique ligado no Portal PEBMED!

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