ENDO 2021: vitamina D na prevenção de diabetes tipo 2 – sim ou não?

Neste texto, vamos trazer as principais considerações a respeito do uso da vitamina D em diabetes tipo 2 apresentadas no ENDO 2021.

Estamos fazendo a cobertura do ENDO 2021, o principal encontro de pesquisa em endocrinologia e atendimento clínico em todo o mundo. Durante o encontro virtual, muitos tópicos interessantes têm sido discutidos e a vitamina D não poderia estar de fora.

Neste texto, vamos trazer as principais considerações a respeito do uso da vitamina D em diabetes tipo 2, baseadas na palestra do Dr Anastassios Pitas, membro do D2D Research Group.

médico prescrevendo vitamina D para paciente com deficiência e diabetes

Vitamina D x diabetes

O palestrante iniciou sua palestra considerando que a relação entre os níveis de 25(OH)D e o risco de diabetes tipo 2 é consistente, porém há muitos fatores de confundimento nesta história, principalmente por se basearem em estudos observacionais.

A hipótese de que o nível de vitamina D pode influenciar o risco de diabetes tipo 2 é biologicamente plausível, porque tanto a função da célula beta pancreática prejudicada quanto a resistência insulínica foram relatadas com níveis baixos de 25 (OH) D no sangue.

Estudos observacionais longitudinais relatam associações altamente consistentes entre níveis mais elevados de 25 (OH) D no sangue e um risco menor de diabetes incidente em diversas populações, incluindo populações com pré-diabetes. Ensaios em pessoas com pré-diabetes mostram redução do risco de diabetes incidente com suplementação de vitamina D.

O palestrante ressaltou que há explanações alternativas para a relação esta associação. Vários fatores que influenciam os níveis de 25 (OH) D no sangue também influenciam de forma independente o risco de desenvolver o tipo 2 diabetes. Os principais entre eles são o peso corporal e gordura, mais frequentemente avaliada pelo índice de massa corporal (IMC).

Um bom exemplo seria o fato de o IMC mais alto estar associado a um risco aumentado de diabetes e uma diminuição de 25 (OH) D no sangue, sendo portanto, uma fonte potencialmente grande de confusão. Ainda nesta linha de raciocínio, pessoas que são mais ativas fisicamente também tendem a ter um IMC mais baixo e um risco menor de diabetes. Quando a atividade física ocorre ao ar livre, o aumento da biossíntese cutânea de vitamina D aumenta o nível circulante de 25 (OH) D.

Como podemos esclarecer as relações causais e afastar os fatores de confundimento? Ensaios clínicos! Neste sentido, o palestrante fala sobre seu estudo, que tem como objetivo avaliar se pessoas com pré-diabetes, sendo suplementadas com vitamina D3 4.000 U/dia reduz a taxa de progressão de pré-diabetes para o diagnóstico clínico de diabetes.

O estudo

Trata-se de um estudo publicado no NEJM. Participaram do estudo 2.423 pacientes com pré-diabetes. Destes, 1.211 receberam vitamina D3 4.000 U/dia, enquanto 1.212 receberam placebo. Os grupos foram acompanhados com testes laboratoriais em seis e 12 meses.

Segundo o palestrante, os resultados do estudo foram na direção positiva, porém não alcançaram relevância estatística. Na conclusão do estudo publicado no NEJM, foi registrado que indivíduos com alto risco de diabetes tipo 2, não selecionados para insuficiência de vitamina D, a suplementação de vitamina D3 na dose de 4.000 unidades/dia não resultou em um risco significativamente menor de diabetes que o placebo. Para saber mais informações sobre o estudo, acesse-o aqui.

O palestrante também citou outros estudos com resultados positivos para uso de vitamina D na prevenção de diabetes e uma metanálise, que concluiu que em pacientes com pré-diabetes, a suplementação de vitamina D em doses moderadas a altas (≥ 1.000 UI / dia) reduziu significativamente o risco de incidência de DM2, em comparação com o placebo.

Mensagem prática

  1. Com bases nos resultados discutidos, o palestrante concluiu que o benefício de suplementação de vitamina D na prevenção de diabetes tipo 2 entre o grupo de risco é modesto, porém consistente. Deve ser mais relevante para aqueles que também apresentam níveis baixos de 25(OH)D, em que níveis mais altos podem conferir algum benefício.
  2. Na prática, ainda precisamos de maiores esclarecimentos baseados em metanálises para prescrevemos vitamina D visando prevenção de diabetes.

Confira as referências bibliográficas para maiores informações.

Mais do congresso:

Referências bibliográficas:

  • Pitas AG et al. Vitamin D Supplementation for Prevention of Type 2 Diabetes Mellitus: To D or Not to D? The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 2020, Vol. 105, No. 12, 1–13 doi:10.1210/clinem/dgaa594
  • Pittas AG et al. Vitamin D Supplementation and Prevention of Type 2 Diabetes. N Engl J Med. 2019 Jun 7. [Epub ahead of print].
  • Mahmoud Barbarawi, Yazan Zayed, Owais Barbarawi, Areeg Bala, Ahmad Alabdouh, Inderdeep Gakhal, Fatima Rizk, Mariam Alkasasbeh, Ghassan Bachuwa, JoAnn E Manson, Effect of Vitamin D Supplementation on the Incidence of Diabetes Mellitus, The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, Volume 105, Issue 8, August 2020, Pages 2857–2868, https://doi.org/10.1210/clinem/dgaa335

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.