Estudo de vida real sobre uso de ustequinumabe no tratamento da artrite psoriásica

Estudo comparou a efetividade e a persistência do ustequinumabe com os anti-TNF, após um período de três anos, em pacientes de vida real.

A artrite psoriásica (PsA) é uma artropatia inflamatória muito polimórfica, podendo apresentar acometimento de diversos domínios, como periférico, axial e entésico. Ela afeta cerca de 20% a 30% dos pacientes com psoríase.

Leia também: Qual é a incidência de artrite psoriásica em pacientes que fazem uso de biológicos para o tratamento da psoríase?

Historicamente, diversos tratamentos vêm sendo utilizados, incluindo os DMARDs sintéticos convencionais, como o metotrexato e a leflunomida, e os DMARDs biológicos, em especial os anti-TNF. Mais recentemente, novas opções de biológicos, como o ustequinumabe (inibidor da IL-12 e IL-23 [p40]), secuquinumabe (inibidor da IL-17A) e guselcumabe (inibidor da IL-23 [p19]), foram lançados e apresentaram resultados cutâneos superiores aos dos anti-TNF. Por serem medicações mais novas, faltam estudos em cenários de vida real.

Recentemente, Gossec et al. publicaram um estudo que comparou a efetividade e a persistência do ustequinumabe com os anti-TNF, após um período de três anos, em pacientes de vida real (fora de ensaios clínicos).

Estudo de vida real sobre uso de ustequinumabe no tratamento da artrite psoriásica

Metodologia

Os dados analisados foram coletados pela coorte prospectiva multicêntrica PsABio (NCT02627768). Esse estudo foi desenhado para comparar a efetividade e persistência do ustequinumabe vs. anti-TNF, como estratégias de primeira a terceira linha no tratamento da PsA, em pacientes com 18 anos ou mais. O seguimento foi realizado a cada seis meses, com duração máxima de três anos.

A persistência foi definida como tempo entre o início do primeiro biológico dentro do estudo até a última dose desse biológico (mais o tempo até a dispensação do próximo biológico) ou até a saída do estudo, o que ocorresse primeiro. O foco foi na persistência do tratamento inicial, e não dos subsequentes.

A efetividade foi analisada através do escores cDAPSA (≤ 13: baixa atividade, ≤ 4: remissão) e MDA/VLDA, validado para acompanhar atividade de doença na PsA.

Resultado do uso de ustequinumabe

Foram incluídos 895 pacientes, com idade média de 49,8 anos (44,7% do sexo masculino).

Ao final de três anos, 49,9% persistiram com o uso de ustequinumabe (vs. 47,8% no grupo anti-TNF). Na análise da curva de Kaplan-Meier, a probabilidade de se manter em um dos braços analisados foi semelhante (RR 0,87, IC95% 0,68-1,11, após ajustes). A duração média do ustequinumabe como tratamento inicial foi 24,7 meses versus 24,1 meses no grupo anti-TNF. Os motivos para troca de tratamento foi semelhante entre os grupos, predominando a falta de eficácia (por volta de 80% em ambos os grupos), seguida pelo surgimento de eventos adversos (por volta de 20% em ambos os grupos).

Com relação à efetividade em três anos, o ustequinumabe apresentou uma menor redução do DAPSA (variação de -15,9; IC95% -18,0 a -13,7) do que os anti-TNF (variação de -18,4; IC95% -20,4 a -16,3). Dentre os usuários do ustequinumabe, a baixa atividade de doença e a remissão pelo cDAPSA foram atingidos por 58,6% (vs. 69,8% anti-TNF) e 31,4% (versus 45,0% anti-TNF), respectivamente. O OR ajustado para baixa atividade de doença foi 0,89 (IC95% 0,63-1,26) e para remissão, 0,72 (IC95% 0,50-1,05). O atingimento de MDA/VLDA seguiu um padrão semelhante.

O perfil de segurança foi bom para os grupos, mas os pacientes em uso de ustequinumabe apresentaram menor risco de eventos adversos, incluindo infecciosos.

Saiba mais: Infecções graves em pacientes com artrite reumatoide e artrite psoriásica

Comentários

Estudos de vida real são importantes para avaliar o uso prático, no dia a dia, de medicamentos validados por ensaios clínicos.

Esse estudo demonstrou que o ustequinumabe apresenta um perfil de segurança discretamente melhor que os anti-TNF. No entanto, a efetividade parece ser numericamente menor. Em termos de persistência, os resultados foram semelhantes entre os grupos.

Esses dados são importantes para a tomada de decisão, uma vez que eles podem fornecer subsídios para melhor escolha das drogas, a depender do perfil do paciente (alta atividade vs. maior risco de eventos adversos/infecções).

No entanto, estudos mais longos e com um maior número de pacientes são necessários para conclusões mais definitivas.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Gossec L, Siebert S, Bergmans P, et al. Long-term effectiveness and persistence of ustekinumab and TNF inhibitors in patients with psoriatic arthritis: final 3-year results from the PsABio real-world study. Ann Rheum Dis. 2022;0:1–11. DOI: 10.1136/annrheumdis-2022-222879.

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