IDWeek 2023: o que há de novo sobre Influenza

O segundo dia de evento também contou com discussão sobre o que há de novo em diagnóstico, tratamento e prevenção da Influenza.

Uma das plenárias do segundo dia do IDWeek 2023, congresso promovido pela Infectious Diseases Society of America (IDSA), foi voltada para a discussão de novidades em vírus respiratórios, e a Influenza esteve muito em voga.

imagem ilustrativa de vírus da influenza

Influenza

Sobre a prevenção, foram apresentadas as recomendações do Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização (ACIP) para 2023-2024:

  • Importância da vacinação anual contra Influenza em todos os indivíduos ≥ 6 meses;
  • Preferência pelas vacinas quadrivalentes;
  • Em ≥ 65 anos há preferência pelas vacinas com altas doses de antígenos;
  • Todas as pessoas com alergia a ovo devem ser vacinadas em centros com pessoal e estrutura adequados para diagnosticar e tratar precocemente reações de hipersensibilidade;
  • A coadministração de vacinas é considerada boa prática e a administração conjunta de vacina contra Influenza e Covid-19 é recomendada;
  • A coadministração de vacina contra vírus sincicial respiratório (VSR) com a de Covid-19 e Influenza é aceitável.

Com relação ao hemisfério sul, os dados de 2023 mostram que o vírus circulante predominante tem sido H1N1 e que a vacinação protegeu 51,9% (95% CI: 39,2-62%) das pessoas contra formas graves.

É possível que nos próximos anos a vacina contra Influenza passe a ser novamente trivalente, pois em outubro de 2023, a Food and Drug Administration (FDA) votou pela retirada do antígeno B/Yamagata da vacina, visto que em estudos epidemiológicos ele não é mais visto circulando pela população.

Ademais, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas em estudos de fase 1-3, como RNA mensageiro, nanopartículas, recombinantes e, até mesmo, a combinação de vacinas de RNA mensageiro (Influenza, SARS-CoV-2 e VSR).

Diagnóstico

A testagem segue recomendada para:

  • Pacientes ambulatoriais – teste rápido molecular é preferível ao teste rápido baseado em antígeno;
  • Pacientes hospitalizados – RT-PCR ou outro teste molecular. Testes rápidos baseados em antígeno e imunofluorescência não são recomendados, a menos que a metodologia molecular não esteja disponível;
  • Pacientes imunocomprometidos – painel multiplex RT-PCR para pesquisa de diversos vírus respiratórios, inclusive Influenza;
  • Não realizar cultura viral como forma de diagnóstico primário de Influenza;
  • Não realizar sorologia para Influenza – resultados de um único exame não são confiáveis. A coleta pareada de soro agudo e convalescente com diferença de 2-3 semanas se faz necessária.

Além disso, estão em desenvolvimento testes domiciliares para Influenza que tem o potencial de beneficiar pessoas em risco para quadros graves ao permitirem diagnóstico e, consequentemente, tratamento precoce.

Tratamento

As drogas aprovadas pela FDA para tratamento, que demonstraram benefício quando iniciadas ambulatorialmente com menos de dois dias de doença para pacientes com doença não complicada, são:

  • Oseltamivir (oral, duas vezes ao dia, por cinco dias, para todas as idades);
  • Zanamivir (inalatório, duas vezes ao dia, por cinco dias, para ≥ 7 anos);
  • Peramivir (intravenoso, dose única, para ≥ 6 meses);
  • Baloxavir (oral, dose única, para ≥ 5 anos e previamente saudáveis ou ≥ 12anos em risco de doença grave).

Além disso, devemos focar o tratamento nos pacientes com doença severa e naqueles em risco para evoluir com gravidade. Porém, o tratamento pode ser considerado para qualquer paciente previamente saudável e de baixo risco, com doença confirmada ou suspeita de acordo com a análise do médico que o está acompanhando, se ele for iniciado com até 48 horas de sintomas.

Leia também: Influenza: complicações associadas que merecem nossa atenção

Para o tratamento de pacientes com quadro de Influenza grave estudos ainda estão em andamento, como REMAP-CAP e RECOVERY, que avaliam oseltamivir e baloxavir. Além disso, também tem sido avaliado o uso de imunomoduladores no tratamento de pacientes hospitalizados, como baixa dose de corticoide (RECOVERY), dexametasona, hidrocortisona, tocilizumab e baricitinib (REMAP-CAP).

Ao final dessa sessão também foram apresentados estudos que mostram como as vias aéreas de crianças são naturalmente colonizadas pelo pneumococo. Até então, sabia-se que essa colonização era facilitada em quadros virais, porém, durante a pandemia de Covid-19 percebeu-se que a colonização por essa bactéria também facilita a aquisição de doenças virais e dúvidas ainda pairam sobre os mecanismos dessa interação e suas implicações.

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