O que fazer após ter um AVC? Reabilitar

O AVC é uma lesão adquirida do cérebro causada por oclusão de um vaso sanguíneo ou fornecimento de sangue inadequado.

O AVC (Acidente Vascular Cerebral ou Encefálico) é uma lesão adquirida do cérebro causada por oclusão de um vaso sanguíneo ou fornecimento de sangue inadequado, levando a infarto (morte) ou sangramento dentro do cérebro. Os sintomas dependem da localização da lesão no cérebro.

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O que fazer após ter um AVC?

Como uma lesão no cérebro gera sintomas no corpo?

O cérebro funciona como se fosse uma central de comando de uma grande empresa: cada parte do cérebro envia a ordem através dos neurônios (“funcionários”), sendo que cada grupo desses “funcionários” é responsável por uma tarefa específica em nosso corpo. Uma parte, por exemplo, é responsável pelo movimento da mão direita, enquanto outra fica encarregada da fala. Então, quando há uma lesão no cérebro, como no AVC, aquela parte do corpo perde “o comando” e então surgem os sintomas.

O mesmo se aplica a outros tipos de lesões, como TCE (Trauma Cranio-Encefálico), Tumores e Lesões Anóxicas-Hipóxicas (falta de oxigenação no cérebro).

O AVC isquêmico (obstrução a passagem de sangue no cérebro) é o mais comum. É consequência de doenças crônicas como aterosclerose, hipertensão arterial e embolia. Outros fatores de risco são idade, tabagismo, diabetes mellitus, obesidade, estilo de vida sedentário e hiperlipidemia.

Os outros 15% são AVCs hemorrágicos, resultados de hemorragias hipertensivas, aneurismas vasculares malformações.

Geralmente os pacientes que sobreviventes evoluem, em menor ou maior grau, com dificuldades em realizar as atividades de vida diária (AVDs) transitórias ou permanentes.

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Os sintomas variam desde dificuldades simples no dia-a-dia até alterações no andar, mexer o corpo, comunicar, engolir, pensar e lembrar, como também nas funções sexuais, intestinais e urinárias. Pode aparecer dor e depressão. As dificuldades podem levar a isolamento social e agravar sintomas depressivos. Em casos graves, o indivíduo pode não ser capaz de viver de forma independente, necessitando de um cuidador.

Reabilitação

De preferência, além da equipe médica assistente, todo paciente com AVC deve ser avaliado pela equipe de Reabilitação, composta pelo médico Fisiatra e Terapeutas. O tempo ideal é após 24 horas do AVC, pois assim, consegue-se elaborar o Programa de Reabilitação nas fases Aguda, Subaguda/Transição e Crônica e otimizar a melhora do paciente.

Os locais que ocorrem a reabilitação são: Intra-Hospitalar (casos agudos), Unidades de Transição (Serviço de Saúde que irá “preparar” o paciente para a alta com Reabilitação Intensiva) e Ambulatorial.

A realidade no Brasil infelizmente é que a maioria dos casos acabam chegando ao Fisiatria na fase crônica (após 3 meses de lesão), mas ainda é possível melhorar muita coisa.

O programa de reabilitação deve ser individualizado com base da gravidade e natureza das incapacidades causadas pelo AVC e deve incorporar diretrizes baseadas em evidências.

O que avaliar:

  • Anamnese e Exame Físico Fisiátrico;
  • Funcionalidade;
  • Dor;
  • Espasticidade;
  • Sono;
  • Humor;
  • Esfincteres;
  • Pele;
  • Retaguarda Familiar e Transporte;
  • Interação Social e Trabalho;
  • Avaliar e conversar sobre prognósticos funcionais;
  • Indicar Órteses, Meios auxiliares de Locomoção;
  • Realizar Procedimentos em Dor e Espasticidade;
  • Avaliar qual o melhor método e tempo de Reabilitação;
  • Prescrição de Terapias e Gestão de Equipe Interdisciplinar.

Como um paciente que teve AVC obtém melhora?

Uma lesão cerebral, é como “uma ponte que caiu”, ou seja, os comandos não passam mais por aquele caminho. O cérebro então vai aos poucos criando atalhos e os neurônios vão fazendo novas conexões. Isso se chama Neuroplasticidade. Incrível, não é mesmo?

A melhora é lenta, gradual e geralmente não é total, além de ser dependente de muitas variáveis. Por isso, os cuidados devem ser individualizados e as demandas acolhidas. O caminho é prolongado e tem o objetivo de melhorar não só a função total, mas de otimizar a qualidade de vida e reinserção social.

Referências bibliográficas:

  • Fronteira W, Rizzo ST. Essentials of Physical Medicine and Rehabilitation: Musculoskeletal Disorders, Pain, and Rehabilitation. Elsevier Saunders, 3rd edition, 2014.
  • Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com acidente vascular cerebral / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. 72p. : il.
  • AHA/ASA Guideline. Guidelines for Adult Stroke Rehabilitation and Recovery A Guideline for Healthcare Professionals From the American Heart Association/American Stroke Association (Stroke. 2016;47:000-000. DOI: 10.1161/STR.0000000000000098.)

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