Qual o melhor valor de PA alvo durante o procedimento anestésico de não cardíacos?

Estudo avaliou qual o melhor valor de pressão arterial durante o procedimento anestésico para um período pós-operatório sem complicações.

Pacientes submetidos a cirurgias não cardíacas, mas que apresentam certas comorbidades, como hipertensão ou cardiopatias, podem sofrer complicações graves no período pós-operatório. Essas podem ser imediatas e tardias, caso seu quadro clínico não se encontre estabilizado antes e durante o procedimento cirúrgico, o que é de preocupação constante do anestesista.

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Um estudo realizado em 110 hospitais distribuídos em 22 países visou obter qual o melhor valor de pressão alvo controlada, satisfatória, durante o procedimento anestésico cirúrgico para que os pacientes tenham um período pós-operatório isento de complicações vasculares como infarto e acidente vascular cerebral.

erro de medicação

Métodos

O estudo analisou um total de 7.490 pacientes acima de 45 anos, com idade média de 70 anos, submetidos a cirurgia não cardíaca, mas com potencial de complicação cardiovascular que faziam uso de uma ou mais classe de medicação anti-hipertensiva oral a longa data, por um período superior a 30 dias. Esses pacientes foram divididos em dois grupos onde em um foram realizadas técnicas para evitar hipotensão (3.742 pacientes), mantendo-se a pressão média em torno de 80 mmHg ou mais e o outro foram realizadas técnicas que evitassem hipertensão (3.748 pacientes), mantendo uma pressão arterial média em torno de 60 mmHg ou menos. No primeiro grupo foram suspensos os inibidores da renina angiotensina aldosterona antes da cirurgia e até 2 dias depois e a outra medicação que faziam uso normalmente era administrada somente se a pressão arterial sistólica ultrapassasse 130 mmHg. E no segundo grupo não houve nenhuma modificação no esquema anti-hipertensivo oral dos pacientes.

O objetivo principal do estudo foi avaliar a incidência de complicações vasculares fatais e não fatais como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e falência miocárdica no período de até 30 dias de pós-operatório.

Resultados

Nos pacientes avaliados, 520 pacientes do primeiro grupo, cerca de 13,9% e 524 pacientes do segundo grupo, cerca de 14% tiveram evolução para complicações cardiovasculares no período do estudo, sendo os resultados mais consistentes naqueles pacientes que faziam uso de uma ou mais medicações anti-hipertensivas ao longo da vida. Em ambos os grupos, 1% dos pacientes evoluíram para óbito por complicações cardiovasculares no período de 30 dias pós-cirurgia.

Conclusão

Foi determinado que não houve diferença significativa entre os dois grupos distintos, levando a crer que pacientes que fazem uso de medicações anti-hipertensivas regularmente e são submetidos a cirurgias não cardíacas não se beneficiam de controle de extremos da pressão arterial média, sendo que, independentemente de manter a pressão em níveis mais elevados ou mais baixos, a incidência de complicações vasculares acaba sendo a mesma nos dois grupos.

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Considerações sobre o controle de pressão

É certo e correto afirmar que o controle pressórico dos pacientes com patologias cardiovasculares é de extrema importância para o bom andamento de um procedimento anestésico cirúrgico, porém, existem muitos outros fatores que também contribuem para um desfecho feliz, como por exemplo os níveis de hemoglobina no pós-operatório e a cascata inflamatória estimulada pelo procedimento cirúrgico per si.

Alguns estudos anteriores concluíram que manter uma pressão arterial média em torno de 80 mmHg seria mais benéfico a esses pacientes e diminuiria o risco de complicações vasculares no pós-operatório, porém o estudo em questão demonstrou que não havia diferença.

Mensagem prática

Algumas limitações encontradas nesse estudo foram principalmente relacionadas a fatores humanos. Alguns pacientes tiveram dificuldades de seguir o protocolo quanto à tomada de medicações. Porém, analisando os pacientes que seguiram rigorosamente o protocolo, não houve diferença significativa nos resultados.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Marcucci M, et al. Hypotension-Avoidance Versus Hypertension-Avoidance Strategies in Noncardiac Surgeries. Annal of Internal Medicine. 2023 May;176(5):605-614. doi: 10.7326/M22-3157.

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