Uso prolongado de antidepressivos é risco para desenvolvimento de comorbidades?

Um estudo publicado em 2022 teve como objetivo investigar a associação entre o uso de antidepressivos e o efeitos adversos.

Os antidepressivos são uma das classes de medicamentos mais prescritas na atualidade. No entanto, pouco se sabe sobre as consequências de seu uso prolongado.

Essa coorte de base populacional selecionou pacientes que iniciaram o uso de antidepressivos (Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina ou outros) e investigou se estava associado ao risco de desenvolver algumas comorbidades, como diabetes, hipertensão, doença coronariana ou doença cerebrovascular bem como desfechos de mortalidade por doença cardiovascular e gerais.

Leia também: O impacto da testagem farmacogenética no tratamento de depressão

Uso prolongado de antidepressivos é risco para desenvolvimento de comorbidades?

Método

O estudo utilizou o UK Biobank, um banco de dados de base populacional que fornece informações detalhadas sobre status socioeconômico, demografia, risco antropométrico, comportamental e bioquímico dos pacientes. Foram selecionados 222.221 participantes entre 40 e 69 anos entre os anos de 2006 e 2010. Os critérios de exclusão utilizados foram: pacientes que tinham prescrição prévia de antidepressivos (≤12 meses antes do início do estudo), diagnósticos anteriores para o desfecho de interesse, pacientes que utilizavam antipsicóticos ou lítio ou uso de drogas cardiometabólicas e pacientes em uso concomitante de mais de um antidepressivo.

Resultados

O estudo associou o uso prolongado de antidepressivos a um risco aumentado de doença coronariana, doença cerebrovascular e todas as causas de mortalidade em 10 anos. Esses achados foram mais relevantes para o uso de antidepressivos alternativos aos IRSS (exemplo: mirtazapina, venlafaxina, duloxetina e trazodona). Além disso, houve também evidência de que os IRSS foram associados a risco menor de desenvolvimento de hipertensão e diabetes.

Saiba mais: Depressão no Idoso: pontos de atenção e prescrição

Discussão

Estudos nesse campo são bem desafiadores devido à heterogeneidade dos métodos e design dos estudos, diferentes medidores de exposições, resultados e ajustes para fatores de confusão. Devemos lembrar também que a depressão está fortemente associada a perfis de risco adversos como obesidade, tabagismo, má alimentação e sedentarismo e esses fenótipos são fatores de risco estabelecidos para doenças cardiovasculares, sendo então um fator confundidor. Portanto, a prescrição de antidepressivos a longo prazo pode não ser livre de danos e é muito importante fazer o acompanhamento de saúde, especialmente a saúde do sistema cardiovascular, a longo prazo, de forma proativa.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Bansal N, et al. Antidepressant use and risk of adverse outcomes: population-based cohort study. BJPsych Open.. 2022 Sep 13;8(5):e164. DOI: 10.1192/bjo.2022.563.