A pandemia do novo coronavírus trouxe muitas modificações práticas em diferentes rotinas de trabalho. Com a mudança dessas rotinas e formas de atuação o mundo digital ganhou mais espaço e nossa relação com a dinâmica via-trabalho se transformou. Com a regulamentação do regime de trabalho remoto — teletrabalho ou home office – essa forma de exercício profissional passou a integrar a realidade de todos nós.
Paralelamente a esses processos, o mundo corporativo passou a ser impactado ainda mais pela pressão ambiental causada pela covid-19 em decorrência da sobrecarga emocional das pessoas. Como consequência disso, o número de diagnósticos de transtornos mentais disparou, especialmente aqueles com sintomas ansiosos ou alterações de humor.
Condições de vida e trabalho são grandes influenciadores da saúde, compondo importante determinante social de saúde e doença. Dessa forma, a identificação dessa influência torna esses determinantes parte das possibilidades de atuação do médico.
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A especialidade médica mais diretamente relacionada a isso é a medicina do trabalho, mas diversas especialidades como a medicina de família e parte da equipe multiprofissional – com enfermeiros, psicólogos e técnicos de enfermagem – também se vinculam com a saúde ocupacional e qualidade de vida relacionada ao trabalho. No cenário em que o escritório é em casa, como a saúde ocupacional pode ser alvo atuação desses profissionais?
Medicina do Trabalho
O papel do médico do trabalho é bastante amplo. O principal ponto é auxiliar a construção de ambientes de trabalho seguro, mas, para além de identificar riscos, esse profissional também é porta de entrada para o serviço de saúde. Em muitos casos, é a identificação de algum fator de risco pelo médico do trabalho que motiva o paciente a buscar um acompanhamento médico regular.
Os programas de controle médico de saúde ocupacional ainda continuam sendo uma responsabilidade das empresas, conforme a NR17. A avaliação de riscos, mesmo em trabalho remoto, mantém-se sendo uma preocupação. Assim, a atenção do profissional médico do trabalho para as questões de ergonomia, bem-estar e saúde mental nunca foram tão importantes.
Outra questão de aspecto fundamental é a importância do médico do trabalho no controle da transmissão do SARS-CoV-2. A construção de protocolos e estabelecimento de normas para evitar a transmissão do vírus tornou o papel desse profissional indispensável para garantir a segurança dos trabalhadores, reduzir riscos, evitar absenteísmo e mitigar os impactos da pandemia.
Contudo, nessa nova realidade algumas tarefas que já eram desafiadoras tornam-se ainda mais. A comunicação de acidentes de trabalho e identificação de nexo causal, por exemplo, continuam sendo partes importantes da saúde ocupacional. Porém, as fronteiras de um regime híbrido abrem portas para questionamentos: se em um regime de home-office acontece um acidente doméstico é necessário gerar uma CAT? Conhecer bem as funções executadas pelos trabalhadores, os riscos e consequências se tornou um desafio maior para o médico do trabalho, cujo papel é central no entendimento de questionamentos como esse.
Mensagem final
Dessa forma, em um mundo modificado pela pandemia de covid-19, a atuação dessa especialidade médica ganha mais valor e destaque. Equilibrando a invasão digital como um determinante de saúde seja pelo exercício profissional dos trabalhadores — ou do próprio médico, em atendimentos de telemedicina — o médico do trabalho é agente transformador da saúde no mundo atual.
11 ago. 2020 
5 min. 
