ACC 2021: revascularização completa reduz eventos na doença coronária crônica?

No ACC 2021 foi apresentada a análise de dados de pacientes do estudo sobre o impacto da revascularização completa no desfecho cardiovascular. Saiba mais.

O estudo ISCHEMIA, publicado há dois anos, avaliou pacientes com doença aterosclerótica coronária (DAC) crônica que tinham isquemia moderada ou importante em relação ao tratamento: um grupo recebeu tratamento clínico otimizado (conservador) e o outro foi submetido a revascularização coronária (tratamento invasivo). 

Revascularização completa reduz eventos na doença coronária crônica?

O estudo

Foram randomizados 5.179 pacientes nos dois grupos e no seguimento de quatro anos não houve diferença no desfecho primário, composto por morte cardiovascular, infarto ou hospitalização por IC ou angina instável. Importante ressaltar que foram excluídos pacientes com lesão de tronco de coronária esquerda, fração de ejeção menor que 35%, síndrome coronariana aguda nos últimos dois anos, angioplastia ou cirurgia cardíaca no último ano, insuficiência cardíaca em classe funcional III ou IV e taxa de filtração glomerular menor que 30.

Análise sobre a revascularização completa

Alguns estudos sugerem que esse desfecho é melhor quando os pacientes com DAC crônica são submetidos a revascularização completa, avaliada de forma anatômica ou funcional. Foi apresentado no congresso do American College of Cardiology (ACC 2021), uma análise com os dados dos pacientes do ISCHEMIA, sobre o impacto da revascularização completa no desfecho cardiovascular. 

Os pacientes submetidos a estratégia de tratamento invasivo (2296) foram avaliados em relação a revascularização, se completa ou incompleta. Essa avaliação foi feita por análise anatômica (angiografia pós procedimento ou relatório cirúrgico) e/ou funcional (avaliação por FFR, ecocardiograma, cintilografia ou ressonância com estresse ou teste ergométrico).

A revascularização foi completa na avaliação anatômica em 43,6% dos pacientes e na avaliação funcional em 58,5%. Esses dois grupos foram comparados ao grupo de pacientes que receberam tratamento clínico otimizado e as variáveis foram ajustadas para que não houvesse diferença entre os grupos.

Quando a revascularização era anatomicamente completa, houve redução de risco de 3,5% comparada ao tratamento otimizado, principalmente às custas de redução de mortalidade cardiovascular e infarto agudo do miocárdio (-3,5%; IC 95% -7,4% a -0,2%). Já na avaliação funcional, não houve grande benefício, sendo a redução de risco mantida em 2,3% (-2,3%; IC95% -5,4 a 0,8%), semelhante ao estudo inicial (no ISCHEMIA essa redução foi de 2,5%). 

Considerações

Esse estudo foi uma subanálise de um estudo maior e os resultados mostram uma associação, não necessariamente com relação de causa e efeito, sugerindo que pode haver benefício em desfecho cardiovascular quando realizada revascularização completa. 

Pacientes com DAC crônica oligo ou assintomáticos, devem ser avaliados e tratados individualmente e, quando optado por tratamento invasivo, pode haver benefício da revascularização completa.  Porém, mais estudos randomizados são necessários para confirmar esses achados. 

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