ESC 2021: monitorização da pressão de artéria pulmonar no tratamento da insuficiência cardíaca

Um device de monitorização da pressão da artéria pulmonar em tempo real foi testado no tratamento da insuficiência cardíaca.

Um device de monitorização da pressão da artéria pulmonar em tempo real que poderia alertar ao médico quando ocorresse piora do quadro e levasse a uma intervenção terapêutica precoce evitando desfechos ruins. A ideia realmente é animadora, tão animadora que levou uma empresa tradicional no ramo a desenvolver o CardioMEMS HF System®.

O sistema promove monitorização da pressão de artéria pulmonar através de um pequeno sensor, que é implantado permanentemente na parte distal da artéria pulmonar através de cateterização direita. O sensor mede alterações na pressão arterial pulmonar e informa ao paciente e ao médico através de um sistema sem fio. As alterações levariam a intervenções precoces como alterações de prescrição para evitar uma possível descompensação.

O estudo GUIDE-HF, apresentado no congresso da European Society of Cardiology (ESC 2021)  e publicado simultaneamente no The Lancet, se propôs testar a eficácia e segurando do dispositivo no manejo de pacientes com insuficiência cardíaca.

médico avaliando sistema de monitorização da insuficiência cardíaca

Monitorização da insuficiência cardíaca

Tratou-se de um estudo clínico randomizado 1:1 comparando um grupo com 497 pacientes utilizando o CardioMEMS HF System® e 503 com a terapia convencional. A duração do seguimento foi de 12 meses.
Os pacientes tinha idade média de 71 anos, 38% eram mulheres.

Os critérios de inclusão eram pacientes com IC classe II a IV da NYHA, e níveis de NT-proBNP ou BNP elevados ou internação por IC prévia. Eram excluídos do estudo pacientes com transplante cardíaco ou dispositivo de assistência ventricular nos últimos 12 meses, pacientes com IC classe D (ver classificação universal de IC, tem um texto meu no portal) e pacientes que necessitaram de inotrópicos nos últimos seis meses. Cabe ainda salientar que 65% dos pacientes estavam em classe funcional III de NYHA, 59% tinham FA ou flutter atrial, a média da fração de ejeção era de 39% e a média do índice cardíaco basal era de 2,1 L/min/m².

Desfechos:

  • Primário: conjunto de: mortalidade por todas as causas, internação por IC ou avaliação urgente por IC;
  • Secundário: hospitalização por IC, mudanças na pressão arterial basal, morte por todas as causas separadamente.

Resultados

Em relação ao desfecho primário foram 0,56 eventos/pessoa-ano no grupo do dispositivo e 0,64 eventos/ pessoa-ano (risco relativo (RR) 0.88, 95% de intervalo de confiança [IC] 0.74-1.05, p = 0.16).

Já em relação ao desfecho secundário também não houveram diferenças estatisticamente significativas.

A maior parte do seguimento e da ocorrência de eventos (72 e 74% respectivamente) ocorreram antes do início da pandemia por Covid-19. Nesse período os números estavam extremamente favoráveis ao grupo do CardioMEMS HF System® (RR 0.81, 95% IC 0.66-1.00, p = 0.05), inclusive em relação a internação por IC (RR 0.72, 95% IC 0.57-0.92, p = 0.007).

Conclusão

O estudo foi um banho de água fria em relação a uma ideia que parecia ser bem promissora, não mostrando redução de desfechos com o dispositivo CardioMEMS HF System® comparado com o cuidado usual. Entretanto há possibilidade da pandemia ter interferido nos resultados.

Estamos realizando a cobertura do congresso. Fique ligado no Portal PEBMED!

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